Resumo |
A cafeicultura é sensivelmente afetada por períodos de estiagem prolongados. Tais condições climáticas tem se tornado cada vez mais frequentes. Uma alternativa para reduzir os danos causados pela falta de água é a utilização de variedades mais tolerantes ao estresse hídrico ou mais eficientes no uso da água. Este trabalho visou avaliar a partição de matéria seca e fresca de 13 variedades durante a germinação de sementes sob déficit hídrico. De acordo com dados empíricos, as variedades de café diferem na tolerância ao déficit hídrico sendo mais tolerantes: Acauã, IAC Catuai SH3, IPR100, Catiguá MG2, Sagarana 19, e linhagens 5B9P1 e 7B13P14; mais suscetíveis: IAC125RN, Tupi IAC 1669-33, Obatã IAC 1669-20, Geisha, Sarchimor MG 8840 e Bourbon Amarelo IAC J10. As sementes avaliadas pertencem ao Campo Experimental de Patrocínio (CEPC - EPAMIG). Foram conduzidos 3 tratamentos: controle, água sendo utilizada na germinação; e os tratamentos de déficit hídrico, substituindo a água por uma solução de 100 e 300 g/L de polietilenoglicol 6000, respectivamente. As análises foram realizadas aos 45 dias da implantação do experimento. As combinações de tratamento e variedade foram conduzidas em quatro repetições de 50 sementes. Destas, as 10 primeiras foram selecionadas (desconsideradas as não germinadas ou anormais) para a formação de uma amostra composta para a determinação da matéria seca de cotilédones, hipocótilo, raiz e total. O material foi mantido em estufa a 65ºC por 48-72 horas. Foram calculadas a massa fresca (TFM) e a seca total (TDM), a razão das massas fresca (MF) e seca (MS): cotilédone/total (CMR); hipocótilo/total (HMR); e raiz/total (RMR). O experimento foi conduzido no laboratório de sementes do Departamento de Agronomia/UFV e as análises estatísticas foram realizadas com a linguagem de programação R, versão 4.0.2 (RCoreTeam, 2020). Não houve diferenças entre os grupos mais e menos tolerantes ao déficit hídrico dentro de um mesmo tratamento. O aumento do déficit hídrico resultou em menor quebra de reservas dos cotilédones, com semelhança de MF e maior proporção de MS. Há redução da MF e MS dos hipocótilos com o aumento do déficit hídrico, enquanto há um aumento da MF e manutenção da MS de raízes quando se compara os tratamentos controle e 100 PEG. Salvo pela MF dos cotilédones e MS total que aumentou para as variedades tolerantes, as demais variáveis apresentaram o mesmo comportamento quando se compara os tratamentos controle e 100 PEG. No tratamento 300 PEG a germinação foi inibida. Estes resultados denotam uma diferença na alocação de MF e MS nos órgãos vegetativos de acordo com o nível de estresse hídrico. As variedades mais tolerantes apresentaram resultados semelhantes aos das menos tolerantes ao déficit hídrico. As diferenças observadas para as frações de massa dos órgãos vegetativos indicam que a menor disponibilidade de água resultou em menor mobilização das reservas para o desenvolvimento do hipocótilo e raízes. |