Resumo |
A obesidade é um grave problema de saúde pública no mundo e é fator de risco para doenças como a hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia e câncer. Nesse contexto, a cirurgia bariátrica é um tratamento eficaz para a obesidade grave que promove acentuada perda de peso e pode melhorar comorbidades clínicas. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil bioquímico e de comorbidades clínicas de pacientes no pré e pós-operatório de cirurgia bariátrica e a sua relação com a perda de peso. Trata-se de um estudo transversal, realizado com indivíduos no pré e pós-operatório de cirurgia bariátrica atendidos no ambulatório da Equipe de Terapia Nutricional da Obesidade Grave (ETNO) do Hospital das clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil, no período de agosto a outubro de 2019. O estudo foi composto por 3 grupos distintos: pré-bariátrico, pós-bariátrico e controle. Para a avaliação antropométrica, foram aferidos o peso e a altura, além do cálculo do IMC. Foram avaliadas as seguintes variáveis bioquímicas: colesterol total, triglicerídeos, HDL, LDL, glicemia de jejum, hemoglobina glicada e insulina. A normalidade da distribuição foi testada pelo teste de Shapiro-Wilk. A diferença entre os grupos foi avaliada pela ANOVA de 1 fator para variáveis quantitativas, seguido pelo teste post hoc de Tukey, e pelo teste de qui-quadrado de Pearson para variáveis qualitativas. A relação entre o peso e as variáveis bioquímicas foi avaliada pela correlação de Pearson. O nível de significância estatística adotado foi de 5%. Foram avaliados um total de 31 indivíduos, com a idade média de 41,9 anos (± 9,9), sendo 80,6% do sexo feminino (n=25). As comorbidades melhoraram após a cirurgia, sendo identificadas a hipertensão arterial (p=0,04), pré-diabetes (p=0,04) e diabetes mellitus (p=0,03). No grupo pré-bariátrico, 80% (n=8) dos indivíduos apresentaram comorbidades clínicas associadas à obesidade e 38,5% (n=5) no grupo pós-bariátrico. As variáveis peso (p<0,001), IMC (p<0,001), glicose (p=0,003), insulina (p=0,001) e triglicerídeos (p=0,003) foram maiores no grupo pré-bariátrico quando comparado aos grupos pós-bariátrico e controle, ao contrário da concentração de HDL (p=0,01), que foi menor no grupo pré-bariátrico. O peso (kg) se correlacionou positivamente com a concentração sanguínea de triglicerídeos (rho: 0,617; p<0,001), glicose (rho: 0,311; p=0,04) e insulina (rho: 0,673; p<0,001) e negativamente com o HDL (rho: -0,442; p=0,015). Diante dos resultados encontrados, concluímos que a cirurgia bariátrica é um tratamento eficaz para a obesidade grave e a perda de peso promove melhoras bioquímicas e de comorbidades clínicas. |