Resumo |
A paisagem na Zona da Mata mineira pode ser entendida como um mosaico de usos da terra, com predominância de pastagens, lavouras de café e florestas secundárias. O padrão espacial e a configuração deste mosaico são influenciados pela heterogeneidade de feições físicas da paisagem e também modelados pela diversidade de práticas de manejo conduzidas por agricultores individualmente. Assim, há um gradiente que caminha de agroecossistemas altamente biodiversos para outros excessivamente simplificados, contribuindo diferentemente para a provisão de importantes serviços ecossistêmicos. Ampliar a compreensão da importância da biodiversidade para a provisão de múltiplos serviços ecossistêmicos pode auxiliar no redesenho de sistemas mais sustentáveis e resilientes. Selecionou-se para o estudo lavouras de café e pastagens localizadas em propriedades que representam o gradiente de diversidade encontrado na região. Nas áreas selecionadas a diversidade funcional foi avaliada a partir de características funcionais das espécies vegetais presentes, assim como serviços ecossistêmicos relacionados ao solo e à produção. Agroecossistemas mais biodiversos com maior quantidade de espécies arbóreas contribuíram mais para a manutenção de serviços ecossistêmicos, como a retenção da matéria orgânica no solo, maior infiltração de água, maior eficiência na ciclagem de nutrientes e qualidade física e química do solo. A abordagem da ecologia funcional é importante para seleção de árvores a compor desenhos agroflorestais, pois permite compreender as principais funções que cada espécie pode desempenhar no sistema, permitindo sistemas mais eficientes em termos ecológicos e produtivos, ao passo que contribui para preservação e conservação de espécies arbóreas nativas. Os resultados apontaram que a manutenção da saúde e qualidade produtiva dos agroecossistemas possuem uma relação direta com as taxas de biodiversidade e diversidade funcional. Para que haja alta resiliência dos agroecossistemas, a diversidade de espécies deve ser acompanhada de diversidade funcional, para que a complementariedade de funções entre os indivíduos arbóreos favoreça o desempenho do agroecossistema como um todo. |