Resumo |
Os seres humanos têm sido expostos a uma variedade de poluentes ambientais. Dentre esses tóxicos temos o arsênio, um metaloide amplamente encontrado na natureza que contamina água de beber por meio de processos naturais ou antrópicos. Quando ingerido, o arsênio é absorvido pelo trato gastrointestinal, metabolizado e bioacumulado nos tecidos, como o fígado, podendo causar alterações na homeostase sistêmica. Por exemplo, sabe-se que a exposição ao arsênio em animais adultos resulta em danos histológicos hepáticos. No entanto, não está claro os efeitos deste contaminante no fígado, quando a exposição ocorre durante a fase de pré-puberdade. Assim, nosso objetivo foi analisar os efeitos da exposição pré-púbere ao arsênio em parâmetros hepáticos de ratos Wistar púberes. Para isso, animais com 21 dias pós-nascimento (DPN) foram separados em dois grupos (n=20/grupo). O grupo controle (GC) recebeu água potável por 30 dias, enquanto o grupo arsênio (GA) recebeu 10mg/L de arsenito de sódio entre DPN 21 e DPN 51 na água de beber ad libitum. No DPN 52, dez animais de cada grupo (GC52 e GA52), foram sacrificados para avaliação dos efeitos do arsênio em parâmetros histomorfométricos do fígado. Os outros dez animais/grupo foram eutanasiados 30 dias após a exposição ao metaloide, no DPN 82 (GC82 e GA82), tempo em que receberam água potável ad libitum, com o intuito de avaliar se nesse período pós-exposição os ratos iriam se recuperar (CEUA 96/2017). Os fígados de todos os animais foram pesados, fixados e processados, os cortes histológicos de 3µm foram corados com hematoxilina/eosina e fotografados para as análises histomorfométricas. Os resultados foram submetidos ao teste-t de Student, usando o programa GraphPad Prism 7.0, sendo o resultado significativo quando P ≤ 0,05. No DNP 52, a exposição ao metaloide aumentou o percentual de citoplasma de células hepáticas (66.97 ± 0.94), hepatócitos (73.10 ± 1.01) e macrófagos (0.96 ± 0.03) em animais contaminados quando comparados com animais controles (62.23 ± 1.76, 67.53 ± 1.96, 0.63 ± 0.12, respectivamente; P < 0,05). Além disso, a exposição ao arsênio reduziu o percentual de capilares sinusoides (GA52: 24.15 ± 0.80) em relação ao grupo controle (GC52: 30.28 ± 1.87; P < 0,05). No DPN 82, houve aumento no percentual de núcleo dos hepatócitos (7.10 ± 0.38), de infiltrados inflamatórios (1.20 ± 0.16) e de macrófagos (1.21 ± 0.16) no grupo GA82 em relação ao GC82 (5.93 ± 0.21, 0.64 ± 0.13, 0.58 ± 0.04, respectivamente). Podemos concluir que a exposição ao arsênio durante o período pré-púbere causa alterações morfométricas hepáticas em animais púberes e adultos. |