Resumo |
Enterólitos são concreções originadas da deposição de minerais como o magnésio, de amônia (estruvita) ou de cristais de fosfato, formadas durante meses ou anos. Estes depósitos ocorrem de forma concêntrica ao redor de um núcleo, geralmente um corpo estranho, e se apresentam de diversas formas, texturas e tamanhos, podendo causar obstrução parcial ou total do intestino grosso, levando o animal à dor abdominal. Assim, a enterolitíase é uma causa importante da síndrome cólica em equinos. O objetivo desse trabalho é relatar o caso de um equino atendido no Hospital Veterinário Luis Leigue em Guaramirim - SC, no dia sete de julho de 2020. O cavalo admitido era da raça crioula, de 10 anos, de pelagem lobuna e pesava 368 quilos. O animal chegou ao hospital às 21h30min, apresentando 60 batimentos cardíacos e 20 movimentos respiratórios por minuto, tempo de preenchimento capilar de dois segundos, temperatura de 37,6 °C e hipomotilidade nos quatro quadrantes. Inicialmente, o animal foi submetido à fluidoterapia com ringer lactato 0,9%, em fluxo corrente e adicionado de cálcio e lidocaína, com intervalos para que o cavalo pudesse se exercitar a passo na área externa, com o intuito de estimular a micção e a defecação. Em seguida foi realizada ultrassonografia, na qual se verificou compactação de cólon maior, alças do intestino delgado deslocadas para a direita e mucosa intestinal inflamada. Também se administrou 41ml de gentamicina, 40 gr. de omeprazol e 8 ampolas de ranitidina (antagonista H2) para tratamento de gastrite e 200ml de neocidine como suplementação de vitaminas e minerais. Em razão dos achados clínicos e ultrassonográficos, associados a uma subsequente piora clínica do animal, decidiu-se realizar imediatamente uma laparotomia, exploratória, não só com a finalidade diagnóstica, a qual possibilitou que se encontrasse no cólon ventral um grande enterólito, mas também, em sequência, de submeter o paciente ao tratamento cirúrgico para retirada do mesmo. Os motivos para encaminhar o animal para este procedimento cirúrgico foram a gravidade do quadro clínico e os achados da ultrassonografia. O protocolo anestésico foi composto por xilazina (pré-anestésico), propofol e éter gliceril guaiacol (indução) e o isoflurano e propofol para manutenção. Após a cirurgia houve melhora clínica progressiva do animal, o qual ficou hospitalizado por mais 13 dias, utilizando cinta abdominal e com curativos na ferida cirúrgica até a cicatrização total e alta, ocorrida no dia 22 de julho. Enterólitos podem lesionar a parede intestinal em virtude de sua textura porosa e a pressão exercida na mucosa conduz à congestão, isquemia e necrose do segmento. Caso essa pressão local persista, o sofrimento pode levar à ruptura de alça e consequente peritonite. Assim conclui-se que em casos de enterolitíase em paciente equino a laparotomia exploratória pode ser uma opção para confirmação do diagnóstico e o tratamento cirúrgico imediato é imprescindível para a resolução do quadro. |