Resumo |
A sociedade tem caminhado crescentemente ao encontro de uma construção de relações mais horizontais e democráticas, inclusive no âmbito universitário. Nesse contexto, tem-se o desenvolvimento de pesquisa e extensão, atividades com forte potencial para trabalharem de maneira participativa e envolvendo a sociedade, democratizando o acesso às informações. Na esfera da arquitetura e urbanismo, essas relações são responsáveis por formar profissionais engajados e cientes da função social do arquiteto e da necessidade de investir em projetos que incluam o usuário, seja ele de qualquer realidade sócio-econômica. Logo, se faz necessário estudar esse fenômeno para sistematizar e organizar ideias a fim de facilitar o desenvolvimento de projetos que tenham um caráter participativo e envolvam a comunidade no processo de concepção e execução. A partir disso, foram analisadas três ações do Coletivo Formigas, organização de alunos da Universidade Federal de Viçosa, que busca intervir positivamente no espaço urbano através da colaboração, facilitando processos de projeto e execução por meio das metodologias participativas. Essas ações foram estudadas a partir de seis critérios de avaliação, divididos entre as suas três fases de aplicação que compreendem a abordagem do Coletivo, com a origem da demanda, o processo de concepção e execução das intervenções, com a estruturação da demanda e sua viabilidade, além da utilização das ferramentas de diálogo, e a manutenção das intervenções, com a resposta dos usuários frente à intervenção. A constituição desses critérios se baseia no conhecimento e acompanhamento das ações provenientes do período em atividade no Coletivo Formigas. A partir desse estudo, se torna visível como a ausência de determinadas condutas durante o processo podem trazer resultados que não traduzem o propósito das intervenções. Ao lidar com sonhos, desejos e vontades de uma comunidade, é necessário estar apto a compreender a demanda em toda sua essência, saber estruturá-la assertivamente e entender qual é o papel de cada um envolvido no decorrer das ações. Compreende-se, portanto, que a ausência da estruturação da demanda ou da análise de viabilidade do projeto, por exemplo, podem gerar desestímulos em ambas as partes, inviabilizando a conclusão ou manutenção da ação proposta. Logo, percebe-se a necessidade de seguir com os princípios apresentados para garantir êxito em todos os momentos que compreendem o processo desse tipo de intervenção. Por fim, quanto à aplicação e abrangência dos critérios avaliativos, há de se considerar que cada demanda, ação e organização possuem as suas particularidades e que podem ser pensadas de maneira singular. O propósito, é oferecer um parâmetro que possa ser utilizado como método avaliativo, aperfeiçoando as práticas participativas e contribuindo para sua aplicabilidade satisfatória, tanto para as próximas ações do Coletivo, quanto para outros projetos e instituições que se constituem de práticas semelhantes. |