Resumo |
O presente trabalho tem por objetivo apresentar o perfil socioeconômico dos arranjos monoparentais referenciados por mulheres sendo parte de um projeto de dissertação de mestrado em desenvolvimento no Programa de Pós Graduação de Economia Doméstica. Sua importância pauta-se na constatação de que o padrão tradicional de organização das famílias vem mudando nos últimos anos, deixando de lado aqueles tradicionais constituídos por casal com filhos e dando lugar a outros, como os monoparentais referenciados por mulheres. Estudos mostram que as famílias monoparentais são, muitas vezes, pautadas na dupla jornada de trabalho da mãe, nas desigualdades de remuneração, nos conflitos entre atividades domésticas e empregatícias e nas situações que atribuem o conceito de vulnerabilidade social e econômica (MCKENZIE E MCKEY 2018). Por outro lado, ainda que a monoparentalidade feminina seja apontada pela literatura como um arranjo domiciliar em que há maior tendência à condição de vulnerabilidade, é fundamental conhecer suas características, situações e diferentes níveis socioeconômicos, a fim de evitar rótulos e generalizações fazendo com que tais mulheres não sejam consideradas homogêneas enquanto um único grupo. Para atender o objetivo proposto, realizou uma pesquisa de caráter quantitativo utilizando dados secundários originados da POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares (2018-2019) que foram tratados no programa Stata. Foram destacadas as principais variáveis consideradas relevantes para análise de acordo com a literatura, como idade, raça, escolaridade, quantidade de filhos, renda, dentre outros. Como resultados preliminares, pode-se destacar que no Brasil sobre os domicílios monoparentais, as regiões que possuem o maior número de domicílios com tal tipologia, são as regiões Sudeste e Nordeste sendo 41,4% e 24% respectivamente. A nível nacional sobre as questões de raça/cor 34,8% se auto declararam como brancos, 64,1% pretos ou pardos, 0,5% amarelos e 0,4% indígenas. Sobre a escolaridade observa-se que 12,3% dos domicílios referenciados por mulheres tem como pessoa de referência mães que não sabem ler e escrever, além disso 16,1% dos domicílios também possuem crianças que não sabem ler e escrever. Tratando-se do nível de renda, a menor média de renda encontra-se na região Nordeste, perfazendo uma média de R$ 2.787,00, enquanto no Sudeste a média é de R$ 5.231,00. De acordo com a situação censitária a região Norte concentra o maior número de domicílios em área rural seguido da região Nordeste, sendo 17,3% e 13,1% respectivamente. Dessa forma nota-se a existência de determinadas disparidades e precariedades regionais, além de reforçar determinados traços de vulnerabilidade socioeconômica nos arranjos domiciliares monoparentais referenciados por mulheres, possibilitando o afloramento de sensíveis percepções a respeito da existência de determinados grupos de risco em maior e em menor escala dentro deste específico arranjo. |