Resumo |
A cafeicultura, que tem papel importante na economia brasileira e mundial, enfrenta desafios como a escassez de água, responsável por potencial efeito negativo desde o pegamento das mudas até a qualidade da bebida. Nosso trabalho teve por objetivo a caracterização histológica de raízes de cafeeiro que, de acordo com dados empíricos, diferem quanto à tolerância ao déficit hídrico. Amostras de raízes laterais primárias foram coletadas de 3 plantas adultas de 13 variedades. De acordo com as informações disponíveis, Acauã, IAC Catuai SH3, IPR100, Catiguá MG2, Sagarana 19, e as linhagens 5B9P1 e 7B13P14 são mais tolerantes; enquanto IAC125RN, Tupi IAC 1669-33, Obatã IAC 1669-20, Geisha, Sarchimor MG 8840 e Bourbon Amarelo IAC J10 são mais susceptíveis ao déficit hídrico. As plantas amostradas pertencem ao Campo Experimental de Patrocínio (CEPEC – EPAMIG) e foram conduzidas seguindo o manejo adotado pelo Banco. As raízes foram fixadas em FAA50, estocadas em etanol 70% e subamostradas em seções transversais da região compreendida entre 0,5 a 1,0 cm do ápice radicular. As amostras foram incluídas em metacrilato, seccionadas transversalmente e coradas com azul de toluidina para a montagem de lâminas histológicas. Para cada amostra de raiz foram selecionadas de 2 a 4 imagens de seções transversais obtidas em microscópio de luz, e para cada variedade foram avaliadas entre 3 e 8 raízes primárias diferentes. Novas amostras serão processadas para melhor representação da estrutura das raízes primárias das variedades de café. Em cada foto, foram medidas a área de seção transversal total e as áreas de seção transversal atribuídas à epiderme, córtex, cilindro central, floema e xilema, além do número de polos de protoxilema e o número médio de camadas de células do córtex. Foram calculadas as estatísticas descritivas de média e desvio padrão para cada uma dessas variáveis. Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Anatomia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa. Os valores médios encontrados para as variedades consideradas mais tolerantes (Acauã, IAC Catuaí SH3 e IPR100) foram de 192671,2 μm², 30542,3 μm², 148044,3 μm², 14084,6 μm², 4864,5 μm² e 5542,9 μm² para área total, área de epiderme, córtex, estelo, xilema e floema mais procâmbio; e de 4,5 e 10 para o número de polos de protoxilema e número de células do córtex, respectivamente. Os valores médios das mesmas variáveis para as variedades mais suscetíveis (IAC125RN, Tupi IAC 1669-33 e Obatã IAC 1669-20) foram de 314921,8 μm²; 41076,0 μm²; 249706,6 μm²; 24139,2 μm²; 9928,5 μm²; 8759,3 μm²; 5,4 e 21,1. Conclui-se com base nesta análise preliminar que existe disparidade no processo e/ou velocidade de diferenciação celular nas raízes primárias de plantas de variedades de café mais e menos tolerantes ao déficit hídrico. Estas diferenças podem ser relacionadas à relação entre investimento de energia e capacidade de absorção das raízes nas cultivares avaliadas. |