Resumo |
A cana-de-açúcar, utilizada na produção de açúcar, biocombustíveis e energias renováveis, tem grande importância na economia brasileira, ocupando 13% da área plantada total do país (IBGE, 2018), e seu potencial produtivo pode ser elevado com o uso da irrigação. No Brasil a água utilizada na agricultura é em parte delimitada pela vazão outorgável, que varia com a disponibilidade hídrica da bacia onde a atividade está inserida e o critério adotado. O objetivo do trabalho foi simular a demanda hídrica da cana e verificar se a nova condição de outorga será suficiente para atender a este critério. A análise foi feita para um cultivo de cana com área de 41,46 ha, irrigada por pivô central, no município de Pereira Barreto - SP, com vazão original de 109 m3h-1, e vazão de outorga reduzida para 71 m3h-1 após revisão. Foram realizadas 20 simulações de plantio no software Irriplus®, tendo como base a ETo proposta por Allen et al. (1998), ETc conforme metodologia GESAI (BERNARDO et al., 2019), adotando Kc máximo de 1,2, Ks definido pelo modelo logarítmico e Kl como 1, considerando irrigação total e eficiência do sistema de 85%. Os dados climáticos foram obtidos de série histórica dos últimos 30 anos disponibilizados pelo INMET (2020) e de série recente, de 2019 a 2020 da estação local da fazenda. Dessa forma, foram geradas lâminas médias e máximas de projeto. Também foi levantado o valor de lâmina de projeto máxima avaliado por Dias (2018), e calculada a lâmina possível de atendimento com a nova condição de outorga. Analisando o resultado da simulação com os dados de série histórica, foram observadas lâminas de projeto recomendada sendo, de 3,56 mm em média, e de 3,79 mm a máxima. Simulando com os dados locais a lâmina de projeto foi de 6,58 mm. De acordo com o avaliado por Dias (2018) a lâmina de projeto foi de 5,74 mm. Atualmente o equipamento está projetado para uma lâmina de 4,97 mm. Considerando a vazão de outorga de 71 m3h-1, e que a irrigação se dá no período de 21 horas, a lâmina possível para o equipamento é de 3,59 mm, sendo recomendado para tal um projeto de adequação de lâmina. Comparando os valores obtidos, verifica-se que em apenas uma ocasião, a lâmina de projeto possível é superior às recomendadas. Logo, é possível que com esta condição, a demanda hídrica da cultura não seja atendida plenamente sendo recomendado adotar uma das seguintes estratégias de manejo de irrigação: (1) aumentar o período de irrigação; (2) reduzir área plantada; (3) irrigar com déficit hídrico em área total ou parcial. A 1° aumentaria o custo de produção, a 2° ocasionaria perda de área e perda do capital investido, enquanto a 3° se mostra interessante devido à tolerância da cana ao déficit hídrico, além disso, as condições climáticas extremas são pontuais durante seu ciclo. Diante dos resultados conclui-se que a redução da lâmina do equipamento para 3,59 mm ou menor até 3,56 mm é possível considerando a adoção de um sistema de manejo tecnificado. |