Resumo |
Cycloramphus bandeirensis é um anuro endêmico da Mata Atlântica, pertencente à família Cycloramphidae. É encontrado apenas em sua localidade tipo no Parque Nacional do Caparaó, tendo sua área de distribuição bastante restrita. Aspectos básicos sobre a biologia da espécie são pouco conhecidos, sendo por isso considerada deficiente de dados (DD) na classificação da IUCN. Dessa maneira, o objetivo deste trabalho é preencher uma lacuna de informações sobre C. bandeirensis, caracterizando seu cariótipo e assim fornecendo informações que contribuam para o conhecimento da espécie. Os cromossomos mitóticos foram obtidos de células do epitélio intestinal por meio da técnica de esmagamento, após os animais serem tratados com uma solução de colchicina a 0,1% com tempo de ação de 5 horas. As lâminas foram coradas com Giemsa a 3% e analisadas no microscópio óptico para determinação do número diploide e morfologia dos cromossomos. O cariótipo apresentou 2n=26 cromossomos e fórmula cariotípica 10m + 2sm + 1st, com número fundamental = 52. Também observa-se a presença de uma constrição secundária no par 4. O número diploide foi semelhante ao encontrado nas espécies desse gênero, demonstrando uma estabilidade em relação ao número de cromossomos. Essa característica pode ser observada até mesmo dentro da família Cycloramphidae, uma vez que espécies dos gêneros Thoropa e Zachaenus também apresentam 2n = 26, como T. miliaris e Z. carvalhoi. Tratando-se do tamanho dos cromossomos, C. bandeirensis também seguiu o mesmo padrão observado nas outras espécies do gênero, sendo seis pares maiores e sete pares menores. Embora o número diploide seja conservado para o gênero Cycloramphus, a morfologia dos cromossomos das espécies apresenta diferenças como, por exemplo, C. boraceiensis que apresenta 8m + 4sm + 1t e C. acangatan 6m + 5sm + 2st. Já C. bandeirensis, possui dez pares metacêntricos (pares 1, 4, 6-13), dois submetacêntricos (pares 2 e 3), apenas um subtelocêntrico (par 5). Não foi observado nenhum par telocêntrico, diferente de C. dubius, C. eleutherodactylus e C. boraceiensis. Essas diferenças na morfologia dos cromossomos sugerem que rearranjos cromossômicos têm ocorrido ao longo da evolução cariotípica do gênero Cycloramphus. Dessa forma, o presente trabalho contribui para preencher as lacunas de informação acerca de Cycloramphus bandeirensis, podendo ser útil futuramente para planos de conservação da espécie. |