Resumo |
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou pandemia mundial em decorrência da propagação do Novo Coronavírus. Para diminuir a multiplicação da doença, o governo decretou medidas de restrição e isolamento social. Com isso, muitas empresas e instituições públicas, tiveram de aderir ao home-office. Segundo Paes & Santiago (2020) os profissionais e organizações estão atentos aos novos padrões de trabalho que surgem para atender às diferentes demandas sociais e profissionais. Atualmente, no entanto, percebemos que essas demandas vão além das questões profissionais. As novas demandas hoje incluem também uma necessidade sanitária que vem limitar e mudar a forma tradicional de trabalho e relacionamentos corporativos. Nesse contexto, esta pesquisa busca, como objetivo geral, analisar, a partir da perspectiva de secretários e auxiliares administrativos lotados no Campus Viçosa, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o modo como eles tem vivenciado o home-office. Além disso, como objetivos específicos, o trabalho tem levantado a bibliografia existente no Brasil sobre escritório remoto e tem verificado o que esses estudos dizem em relação às consequências do trabalho remoto; tem também analisado de que forma essa percepção mostra as consequências de uma mudança abrupta no processo de trabalho, sejam elas para o indivíduo e suas relações ou para o trabalho em si. E, por último, esta pesquisa tem analisado como o trabalho remoto reflete em termos de eficiência nas atividades desempenhadas e nos resultados obtidos pelos trabalhadores. A metodologia da pesquisa é predominantemente qualitativa e os dados coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas feitas com os servidores da UFV. Resultados preliminares indicam como o home-office tem mudado a configuração das relações de trabalho entre as pessoas. Os entrevistados relatam que trabalhar em home-office trouxe mais autonomia e flexibilidade na realização do trabalho além de proporcionar mais conforto, uma vez que se trabalha de casa. Contudo, eles também apontam: maior nível de demanda de trabalho, estresse, ansiedade, autocobrança e cansaço; acúmulo de funções; interferência da família na realização do trabalho além da falta de equipamento e local apropriado para trabalhar. Os entrevistados alegam que, apesar de estarem fisicamente em casa, não houve, necessariamente, maior aproveitamento de tempo com a família, uma vez que precisam focar no trabalho. A maioria deles relatou que não permaneceria trabalhando em home-office após a pandemia. Os entrevistados não apontaram maior produtividade ao trabalhar em casa. Quantos aos desafios de trabalhar em casa, eles elencaram: estabelecer uma rotina; estabelecer limites nas demandas do trabalho e conciliar o trabalho e as atividades domésticas. Diante dos resultados preliminares, conclui-se que o home-office tem trazido consequências tanto pessoais quanto no próprio processo de trabalho. |