Resumo |
A nutrição materna durante a gestação pode causar alterações na trajetória de desenvolvimento fetal. Desse modo, a suplementação em momentos estratégicos da gestação tem sido alvo de estudos para otimização do uso de recursos de modo a maximizar a eficiência de produção de bovinos de corte. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da suplementação proteica de matrizes bovinas em diferentes fases da gestação sobre o desempenho da progênie. Dezesseis fêmeas bovinas de corte, prenhes de macho, foram aleatoriamente alocadas nos seguintes tratamentos: CONTROLE – as matrizes não receberam suplementação proteica ao longo de todo período gestacional; MÉDIO: as matrizes receberam suplemento proteico apenas entre 90 e 180 dias de gestação; FINAL: as matrizes receberam suplementação proteica apenas entre 180 à 270 dias de gestação. Os grupos suplementados receberam a quantidade total de 150 kg de suplemento proteico. Todas as matrizes foram mantidas em regime de pastejo em áreas cobertas com Urochloa decumbens. Após o nascimento a progênie foi pesada e submetida à biópsia de tecido muscular esquelético aos 45 dias de vida para avaliação da expressão de marcadores de metabolismo energético. A progênie foi monitorada do nascimento ao desmame, mantida sob mesma condição alimentar e submetidos à avaliação de carcaça por ultrassonografia ao desmame. Não foram observadas diferenças para o peso ao nascimento entre os tratamentos (P > 0,10). Entretanto, a progênie oriunda de matrizes suplementadas (MÉDIO+FINAL) apresentou maior peso corporal ao desmame (P = 0,001), ganho médio diário (P = 0,005) e espessura de gordura subcutânea (P = 0,03) comparado à progênie oriunda de matrizes do tratamento CONTROLE. Entretanto, não foram observadas diferenças para características de desempenho entre progênies dos tratamentos MÉDIO e FINAL (P > 0,10). Em reação à área de olho de lombo, não foram observadas diferenças entre os tratamentos, tampouco para a comparação entre os tratamentos suplementados em relação ao animais do tratamento CONTROLE (P > 0,10). A expressão de mRNA para os marcadores Myocyte Enhancer Factor 2A (MEF2A) e Peroxisome proliferator-activated receptor gamma, coactivator 1 alpha (PPARGC1A) foi maior para progênie de matrizes suplementadas comparadas às oriundas do tratamento CONTROLE. Adicionalmente, a expressão de mRNA para MEF2A foi maior para progênie do tratamento MÉDIO comparada à progênie do tratamento FINAL. Com isso a suplementação proteica de matrizes durante os dois terços finais de gestação causa melhoria no desempenho da progênie durante a fase de cria sem, contudo, divergir quando a mesma é aplicada durante o terço médio ou final da gestação. Conclui-se, que o metabolismo energético do tecido muscular esquelético é alterado em virtude da suplementação proteica durante os terços finais de gestação, sendo o uso mais eficiente dos substratos para produção de energia neste tecido uma possível explicação para alteração do desempenho. |