Resumo |
A agropecuária brasileira depende muito da utilização de adubos (químicos, orgânicos e químico-orgânicos) pois existe, na maioria dos solos, um déficit na disponibilidade de nutrientes. Esse estudo objetivou apresentar uma análise da adubação no Brasil, conforme os dados constantes no Censo Agropecuário de 2017. Para saber como é feita a adubação pelos produtores brasileiros, tanto para aqueles que possuem agricultura familiar ou não, foi realizada uma análise de dados do Censo, que foi construído a partir do IBGE. O trabalho levou em consideração as cinco macrorregiões do Brasil: norte, sul, nordeste, sudeste e centro-oeste. A partir do Sistema IBGE De Recuperação Automática – SIDRA, foram escolhidos parâmetros como: tipologia (qual tipo de agricultura é empregada, familiar ou não), uso de adubação, condição do agricultor em relação às terras, associação do produtor à cooperativa e/ou à entidade de classe e origem da orientação técnica. Os resultados obtidos através dos dados demonstraram que o fator “orientação técnica” se mostrou intimamente ligado com a ação de fazer uma correção no solo através da adubação. De todos os agricultores brasileiros, 20% do total recebem orientação técnica. Foi possível perceber que no Nordeste somente 8% de todos os agricultores recebem orientação técnica e só 47%, de todos que recebem orientação nessa região, fazem uso de adubo. Enquanto que no Sul 48% de todos os agricultores recebem instruções técnicas e 90% destes fazem a adubação. Além disso, observou-se que os agricultores não familiares, de todo o Brasil, 20% faz adubação química, 11% orgânica e cerca de 10% faz química e orgânica. Entre os agricultores familiares brasileiros, 19% fazem adubação química, 11% orgânica e aproximadamente 10% fazem adubação química e orgânica. Outro resultado importante é que as regiões sul, sudeste e centro-oeste utilizam, juntas, 73% de toda a demanda nacional de fertilizantes. Conclui-se que, entre os parâmetros disponíveis pelo Censo Agropecuário, o fator receber orientação técnica se mostrou importantíssimo, sendo necessário a melhoria na disseminação de informação para todos os produtores rurais, afim de qualifica-los. Além disso, foi possível quebrar alguns paradigmas, como o de associar a agricultura familiar com o uso majoritário de adubos orgânicos. No Brasil, 47% dos agricultores familiares fazem adubação química, enquanto que os que fazem adubação orgânica correspondem a 27% do todo. Ainda nesse contexto, 50% dos agricultores familiares que recebem orientação técnica fazem adubação química e somente 14% desses fazem adubação orgânica. Há uma ligação entre a localização/cultura com a quantidade de fertilizante consumido, que é o caso das regiões sul, sudeste e centro-oeste, onde são próximas a áreas de escoamento e que produzem, em sua maioria, as três grandes culturas de exportação nacional: café, soja e milho. |