Resumo |
O desenvolvimento de embalagens com polímeros de base biológica surge como uma alternativa para atender à demanda da substituição de polímeros derivados de petróleo, prejudiciais ao meio ambiente. Nesse contexto, o desenvolvimento de filmes utilizando acetato de celulose (AC) merece destaque, já que é um polímero de baixo custo, além de ser não tóxico, apresentar funcionalidade e biocompatibilidade com uma série de solventes para formação de filmes, sendo também derivado da celulose, o polímero renovável mais abundante da Terra. Embora promissor, o uso de AC como material de embalagem requer a adição de auxiliares de processamento, como os plastificantes, com vista a melhorar a processabilidade térmica do polímero. Diante disso, objetivou-se preparar e caracterizar filmes de AC contendo os plastificantes glicerol (GLI) ou trietil citrato (TEC). Os filmes foram preparados a uma proporção de AC e acetona de 1:10 (m/v) adicionando-se quatro molaridades de GLI ou TEC (1,8; 3,6; 5,4 e 7,2 mols). As dispersões foram vedadas, mantidas em repouso por 24 h e, após homogeneização, vertidas em placas de vidro para evaporação do solvente. Os filmes foram caracterizados por microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourrier (FTIR) e ensaios mecânicos (Máquina Universal de Testes Mecânicos, Instron). A morfologia da superfície das seções transversais dos filmes indicou que as amostras contendo plastificantes foram, em sua maioria, homogêneas, apresentando pequenos aglomerados, indicando que tanto GLI quanto TEC são compatíveis com a dispersão polimérica e podem ser utilizados para melhorar as propriedades mecânicas dos filmes de AC. Os espectros FTIR de GLI, TEC e filmes contendo os plastificantes indicaram bandas e vibrações características, que se intensificaram com o aumento da adição dos plastificantes, evidenciando a presença dos mesmos. Os ensaios mecânicos indicaram que, com o aumento no teor de plastificantes, a resistência máxima a tração (MPa) (RT) diminuiu e o alongamento até ruptura (mm) (AR) aumentou, comportamento observado com a utilização de ambos plastificantes. Tal fato decorre, da maior distância espacial entre as cadeias poliméricas, ocasionando maior suavidade na rigidez do filme e aumentando sua flexibilidade, apontando que houve inserção dos plastificantes na rede polimérica dos filmes. Porém, a RT de filmes com TEC foi inferior enquanto que AR foi superior aos filmes com GLI, porque TEC contém 276 g/mol, possuindo maior volume molecular do que o GLI (92,09 g/mol), logo TEC apresenta maior efeito estérico, atuando como um espaçador físico e diminuindo a interação entre as cadeias poliméricas, aumentando sua mobilidade. O estudo mostrou que os plastificantes GLI e TEC possuem potencial para serem utilizados no preparo de filmes biodegradáveis para produção de embalagens. |