Resumo |
As colites crônicas são frequentes na rotina da clínica médica de cães e gatos, e esse quadro possui várias etiologias: infecciosa, alimentar, inflamatória e neoplásica. A colite linfoplasmocitária é uma das formas mais comuns de inflamação do cólon nos cães e é caracterizada por um infiltrado de linfócitos e plasmócitos na lâmina própria. Pode causar diarreia em pequeno volume, hematoquezia, tenesmo, disquezia e urgência para defecar nos animais acometidos. Objetiva-se relatar um caso de colite linfoplasmocitária atendido no HOV/DVT-UFV. Um cão, macho, Pastor Alemão, de 05 anos, foi atendido apresentando hematoquezia e fezes pastosas a aquosas há uma semana. O paciente tinha histórico de disquezia intermitente e perda de peso progressiva há cerca de um ano. Não haviam alterações no exame físico. Foi realizada a coleta de material para hemograma, bioquímica sérica, citologia retal, parasitológico fecal, colonoscopia e biópsia do cólon, para exame histopatológico. A citologia revelou bactérias cocoides e bastonetes em grande quantidade, com morfologia compatível com clostrídios. No hemograma observou-se monocitose e discreta eosinofilia. A colonoscopia evidenciou aspecto granular da mucosa, presença de hiperemia e sem visualização do padrão vascular submucoso. A análise histopatológica revelou importante infiltrado de linfócitos e plasmócitos, sendo condizente com colite linfoplasmocitária de grau moderado. O tratamento foi iniciado com fembendazol 50 mg/kg/SID/VO durante 3 dias, com repetição de uma dose após 15 dias, metronidazol 15 mg/kg/BID/VO durante 10 dias e prednisolona 0,5 mg/kg/BID/VO por 07 dias, seguido de redução gradual da dose, associados à dieta de alta digestibilidade. Com a persistência dos sinais clínicos, optou-se pela modificação do protocolo terapêutico com o uso da mesalazina na dosagem de 10 mg/kg/BID/VO e dieta hipoalergênica acrescida de Psyllium. De acordo com os relatos do tutor, os sinais clínicos persistiram e a dieta hipoalergênica não foi realizada. Devido a adesão parcial ao tratamento, não foi possível determinar o diagnóstico definitivo, sendo necessário a exclusão de causa dietética antes de assumir uma doença inflamatória intestinal idiopática. Os sinais clínicos apresentados pelo paciente foram compatíveis com os descritos na literatura. A colonoscopia com biópsia é a técnica de escolha para o diagnóstico por ser um método eficiente e pouco invasivo. O tratamento envolve a combinação de antibióticos, anti-inflamatórios e manejo dietético. Tal conduta foi adotada neste caso, no entanto foi pouco efetiva. A não realização da dieta hipoalergênica acarretou na impossibilidade de avaliar os resultados do protocolo instituído. Concluindo, relata-se um caso de colite linfoplasmocitária, com sinais clínicos e histopatológicos compatíveis com o descrito na literatura, com esclarecimento da causa dependente da resposta ao manejo dietético. |