Resumo |
Devido as maneiras como carcaças afetam os ecossistemas em que estão inseridas e a dinâmica de comunidades que os compõem, a ecologia de invertebrados necrófagos tem se tornado uma área de grande interesse. Contudo, a região neotropical, território com diferentes tipos de biomas e mega diverso, ainda carece de estudos descritivos, sobretudo no ambiente aquático. O presente trabalho visa analisar como a presença de carcaças atua na dinâmica das comunidades de invertebrados, avaliando mudanças temporais na diversidade de espécies. Também é nosso objetivo contribuir para o estudo da ecologia de necrófagos na região do Cerrado realizando um levantamento preliminar das comunidades de invertebrados necrófagos de ambientes terrestre e aquáticos. Para tal, foram selecionados 20 pontos amostrais no ambiente terrestre (Cerrado stricto sensu), cada qual com 4 armadilhas de queda, divididos em 10 pontos de tratamento (com a colocação de uma carcaça) e 10 de controle (sem carcaça). Em cada campanha foram realizadas 5 coletas correspondentes aos estágios de decomposição das carcaças, sendo que em cada coleta as armadilhas permaneceram abertas por 24h. No ambiente aquático foram empregadas armadilhas do tipo covo em 7 pontos amostrais ao longo de um riacho. Em cada experimento foram utilizadas 4 armadilhas com carcaça e uma armadilha como controle. Ao longo dos estágios de decomposição da carcaça, uma armadilha com carcaça era removida e a armadilha controle era coletada e substituída por outra no mesmo local. Tanto em ambiente terrestre quanto aquático foram realizadas uma coleta prévia a colocação da carcaça e uma após a decomposição dela. Em ambiente terrestre foram realizadas duas campanhas, uma na estação chuvosa de 2019 e outra, simultânea a campanha de ambiente aquático, na estação seca de 2020. Cada campanha do ambiente terrestre totalizou 140 lotes de invertebrados coletados. O estudo encontra-se em andamento e a análise parcial dos dados da estação chuvosa sugere a predominância: Isoptera, Coleoptera, Diptera (larvas e adultos), Hymenoptera (Formicidae, Apidae), Orthoptera e Araneae, (não ordenados por abundância). Os dados da campanha da estação seca ainda não foram analisados, mas as observações em campo sugerem menor abundância de invertebrados em comparação à estação chuvosa, com aparente predominância de Hymenoptera (Formicidae, Apidae), Diptera e Coleoptera. Os invertebrados coletados no ambiente aquático, totalizando 84 lotes, ainda carecem de identificação preliminar, contudo puderam-se identificar imaturos de Ephemeroptera, Odonata, Trichoptera e Diptera. Em princípio, há uma discrepância entre tratamento e controle, onde os tratamentos apresentam, aparentemente, maior abundância e riqueza de invertebrados. Ressaltamos que o estudo segue em continuidade e, portanto, os dados aqui apresentados ainda são preliminares. |