Resumo |
Plantas respondem a diversos sinais ambientais via reprogramação gênica e adaptação metabólica. Sinais sonoros são ondas mecânicas presentes nos ambientes e podem ser importantes para o desenvolvimento das mesmas. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da paisagem bioacústica sobre o metabolismo de plantas de soja e verificar as semelhanças e diferenças entre os perfis metabólicos induzidos para cada tipo de som testado. Vasos contendo plantas de soja, mantidas em caixas acústicas, foram submetidos a dois sinais sonoros distintos produzidos de modo específico pela mastigação de lagartas e de pelo som ambiente da Mata da Biologia-UFV, além de plantas controles sem som. As plantas foram submetidas aos sinais sonoros por sete dias e folhas foram coletadas em quatro tempos distintos: uma, seis, 18 e 42 horas; e processadas para análises de fitohormônios e alguns metabólitos alvos por LC/MS e para ensaios de atividade de lipoxigenase. E para as análises estatísticas dos perfis LC/MS foram utilizado o Volcano Plot (α = 0,05). No experimento com som da Mata, a análise de Heatmap indicou metabólitos e hormônios responsivos ao som, e nos três tempos de coleta foram encontrados metabólitos responsivos significativos, sendo: em uma hora de som, espermidina e ácido salicílico; em 18 horas, prolina e espermina e em 42 horas, zeatina e prolina (em 6 horas não houve coleta devido a problemas técnicos com as caixas acústicas). Para o som de mastigação, também foram encontrados metabólitos responsivos nos quatro tempos coletados, porém, apenas dois hormônios (ácido Jasmônico e brassinolideo) foram significativos no tempo de 18 horas, e nenhum metabólito foi significante em todos os tempos. Além das análises hormonais, também foram determinadas a atividade da enzima lipoxigenase (LOX), em que para o som da mata não houve significância na atividade da enzima para os grupos contrastados em nenhum dos tempos de coleta. Para o som de mastigação, nos dois primeiros tempos de coleta não houve diferença significativa da atividade enzimática entre os grupos. No terceiro tempo, a atividade da LOX foi significativa e maior para o grupo controle. No último tempo, a enzima apresentou uma atividade significativa de 2,75 vezes maior para o grupo tratado com som. Pelos resultados encontrados, a planta apresentou comportamentos metabólicos diferentes e específicos para cada tipo de som, indicando uma possível capacidade da planta de perceber a informação contida nele. Isso foi evidenciado pelos metabólitos significativos que foram encontrados no som de mastigação, pois esses metabólitos (ácido Jasmônico, brassinolideo e a enzima LOX) estão envolvidos em vias de defesa e resistência das plantas contra herbívoros. |