Resumo |
Mediante à realidade moderna na qual os direitos humanos, e mais especificamente das minorias, estão sendo cada dia mais reivindicados, faz-se importante reafirmar as vozes femininas da literatura contemporânea. Esta apresentação analisa os contos “Réplica”, “Os casamenteiros” e “A historiadora Obstinada” da obra No seu pescoço (2017), de Chimamada Ngozi Adichie, para investigar como as personagens femininas moldam suas subjetividades, agindo por meio de atos de resistência. A escritora nigeriana apresenta uma crítica à subalternidade do sujeito feminino, através de um discurso que apresenta aspectos da cultura nigeriana e norte americana, contestando as condições de opressão vivenciadas pelas personagens. Para tanto, serão trabalhados três contos, o primeiro deles, “Réplica”, aborda temas como a adaptação à uma nova cultura, assim como a valorização da cultura africana. Já o segundo, intitulado “Os casamenteiros”, questiona a aculturação a qual a personagem feminina é forçada, uma vez que veio de Lagos para um casamento arranjado com um conterrâneo, médico interno em Nova Iorque. A ideia do paraíso norte americano, no ponto de vista da personagem, é desmanchada, aos poucos, quando percebemos o apagamento gradual da cultura nigeriana, enquanto seu marido insere ideais americanos goela abaixo. Por fim, temos “A historiadora obstinada”, que aborda questões como as marcas da colonização inglesa sobre a cultura dos povos nigerianos. Além disso, o conto problematiza a condição da personagem Nwamgba, uma vez que aborda os preconceitos que inferiorizam a mulher e temas como a transformação cultural, as diferenças religiosas e o papel feminino nesse processo. Os contos analisados dialogam, de certa forma, com as vivências da autora nigeriana, Chimamanda Ngozi Adichie, uma mulher africana, negra e feminista, que se utiliza do espaço literário para dar voz às diversas experiências do que é ser uma mulher negra na contemporaneidade. Serão analisadas as relações materno-filiais, as instituições patriarcais, o lugar atribuído à mulher e as relações de poder impostas nas narrativas, entre outros. Para tanto, iremos nos debruçar sobre a questão da subalternidade utilizando reflexões de Spivak (2010) e Davies (1994) e através da perspectiva do submisso em Sharpe (1992); a questão da autoridade do discurso através de Foucault (1999) e Fanon (2008); a problemática do sujeito colonizado através de Bhabha (1998) e Hall (2003; 2013) e a crítica literária feminista a partir de Ribeiro (2018; 2019), Beauvoir (1980), Badinter (1985; 1993), Davis (2016), Davies (1994), Hooks (2019), Flax (1991) e Fontes de Oliveira (2015). |