Resumo |
A água é um recurso natural essencial para a vida humana e a economia. Embora seja considerado renovável, é distribuído e está disponível de forma bastante desigual entre regiões e períodos de tempo. Por este motivo, podem ocorrer conflitos provocados pela escassez hídrica. A região Oeste da Bahia é uma importante fronteira agrícola do Brasil na qual a irrigação tem papel chave na economia do estado e vivencia no momento importantes discussões sobre a disponibilidade dos recursos hídricos como forma de evitar conflitos e viabilizar a expansão sustentável da agricultura irrigada. Um estudo coordenado pela UFV em parceria com a Associação de Produtores e Irrigantes da Bahia (AIBA) considera aspectos hidrológicos, hidrogeológicos, climáticos, uso do solo, irrigação e também governança. Para a gestão eficiente dos recursos hídricos é necessária a adoção de medidas de governança que considerem os usos múltiplos da água. Neste contexto, informações técnicas sobre disponibilidade e demanda hídrica são imprescindíveis para a tomada de decisões. As Contas Econômicas e Ambientais da Água é um método da ONU já aplicado pela ANA em conjunto com IBGE em âmbito nacional e que sistematiza a base de dados hidrológicos ao mesmo tempo em que procura descrever as relações entre economia e meio ambiente. É composto por três grandes grupos de tabelas: (1) de ativos, que contabilizam os estoques nos recursos hídricos e as modificações no volume ao longo de um período; (2) de usos físicos, que descrevem as inter-relações entre água e meio ambiente com significado físico e, por fim, (3) de usos híbridos, que avaliam as mesmas relações, porém em termos de volume por unidade monetária. A primeira fase do “Estudo do Potencial Hídrico da Região Oeste da Bahia” teve como um de seus resultados uma base de dados sólida que possibilitará a implantação do método em nível de bacia nessa região. Nesse primeiro momento do trabalho, fez-se o tratamento dos dados buscando o nível de detalhamento requerido no método e também as correlações necessárias para suprir os dados ausentes. Realizou-se ainda reuniões com os representantes dos produtores rurais da região para demonstrar o método e escolher a bacia piloto onde será desenvolvido. O método tem o potencial de compreender o comportamento dos estoques dos recursos hídricos ao longo do tempo, se estão decaindo, a qual taxa e como isso compromete a disponibilidade. Também avalia quais as atividades econômicas são as maiores consumidoras e qual a pressão que exercem sobre os ativos do sistema, além de ponderar a geração de riqueza retornada a comunidade após o uso do recurso hídrico, considerando-se os custos de abastecimento, tratamento e empregos diretos gerados. Atualmente as planilhas encontram-se em fase de preenchimento e serão a base para a proposição de um novo modelo de governança para a Região Oeste da Bahia, integrando as políticas associadas aos recursos hídricos e as estratégias econômicas para o desenvolvimento regional. |