Resumo |
A mineração de bauxita na Zona da Mata de MG ocorre principalmente em áreas de pastagens e culturas agrícolas, que são reabilitadas após a lavra com o retorno destas culturas, inclusive com produtividades superiores as de antes da mineração. Em alguns casos, estas áreas podem estar associadas com árvores nativas isoladas, as quais devem ser suprimidas para a extração do minério. Tal supressão, uma vez autorizada pelo órgão ambiental, está condicionada ao plantio de elevado número de árvores de espécies nativas como uma medida de compensação ambiental. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi indicar áreas prioritárias para plantios de restauração florestal compensatória através de análise multicritério baseada em SIG em quatro municípios de MG: Descoberto, Itamarati de Minas, Miraí e São Sebastião da Vargem Alegre. A análise utilizou uma escala de adequabilidade variando entre 0 e 255 e considerando cinco fatores: APPs, declividade, uso e cobertura do solo, distância de fragmentos florestais conservados e corredores ecológicos. Os fatores categóricos foram padronizados através da atribuição de valores e os fatores contínuos através do uso de funções sigmoidais, conforme literatura pertinente. O peso de cada critério foi definido através do processo analítico hierárquico e, finalmente, eles foram agregados sob três diferentes cenários de risco: combinação linear ponderada (WLC), média ponderada ordenada (OWA) com risco baixo e OWA com risco alto. Tal risco trata-se da dúvida relacionada à escolha de um local para o objetivo final que atenda os critérios. Em cada cenário, a adequabilidade foi classificada em cinco intervalos equidistantes, representando cinco classes de prioridade. A quantidade de áreas onde a prioridade para restauração foi classificada como alta ou muito alta foi maior nos cenários que envolviam maior risco. O cenário OWA com risco baixo buscou garantir o atendimento dos critérios, porém as áreas consideradas aptas foram muito restritas. Já no cenário OWA com risco alto, os fatores de elevada adequabilidade em cada local foram favorecidos, resultando em mais áreas aptas. Este cenário pode ser indicado, pois o risco de selecionar uma área que não atenda a todos os critérios é aceitável para fins de restauração. A execução da restauração nas terras listadas como de alta prioridade envolve um número muito grande de variáveis econômicas e antrópicas não consideradas neste estudo. Portanto, esta análise representa orientações gerais de planejamento em um contexto de paisagem, sendo que as demais etapas devem seguir uma abordagem caso a caso, considerando aspectos importantes que muitas vezes não são mapeáveis. A análise foi eficiente para modelar as áreas prioritárias para a restauração florestal compensatória. Esta é uma abordagem direta, de baixo custo e que pode auxiliar a Companhia Brasileira de Alumínio em seu programa de compensação ambiental, já em curso, que vem contribuindo para o aumento da cobertura florestal na região. |