Resumo |
Introdução: a Doença Renal Terminal é cada vez mais objeto de estudo e reconhecida como um grave fator de risco para a mortalidade, sendo considerara um inquestionável problema de saúde pública. O censo 2018 revelou que o Brasil conta com 162.583 indivíduos em tratamento dialítico, sendo que 70% destes descobriram a doença tardiamente. Dentre as Terapias Renais Substitutivas, a Hemodiálise HD é a modalidade de tratamento mais utilizada em todo o mundo, entretanto, apesar dos seus avanços, a sobrevida dos pacientes submetidos a ela ainda é baixa, sobretudo no primeiro ano de tratamento. Objetivo: analisar o tempo de sobrevida e os fatores que predizem a mortalidade de pacientes submetidos à hemodiálise. Metodologia: trata-se de um estudo de coorte retrospectivo dinâmico, que avaliou os dados de 422 pacientes em HD, durante 20 anos (1998 a 2018). Os dados foram extraídos dos prontuários médicos e do sistema computadorizado do Serviço de Nefrologia de Viçosa, MG, Brasil, onde o estudo foi realizado. Realizamos a análise de Kaplan-Meier com o teste de Log-Rank para calcular a taxa de sobrevida cumulada e extrair fatores que a impactaram. Posteriormente, utilizamos o modelo de riscos proporcionais de Cox para encontrar as variáveis com efeito significativo na sobrevida dos pacientes. O intervalo de confiança (IC) adotado foi de 95% e um p<0,05 foi utilizado para significância estatística. O evento principal que pretendíamos analisar, era o óbito. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres Humanos sob o parecer de número 2.459.555. Resultados: dos 422 pacientes analisados, a idade média no início do tratamento foi de 64,02 anos, sendo que 132 (31,3%) iniciaram a hemodiálise antes dos 60 anos e 223 (52,7%) eram homens. O tempo médio de sobrevida foi de 6,79 ± 0,37 anos (média ± desvio padrão). A taxa geral de sobrevida em 1 ano para os pacientes em HD foi de 82,3%. Os resultados dos modelos ajustados por Cox mostraram que a contagem de leucócitos (HR= 2,665, p = 0,003), ferro sérico (HR= 8,396, p = 0,003), cálcio sérico (HR= 4,102, p = 0,013) e proteína sérica (HR= 4,630, p = 0,001) foram fatores de risco para o óbito, enquanto a pielonefrite obstrutiva crônica (HR= 0,085, p = 0,026), a ferritina (HR= 0,392 p = 0,010), fósforo sérico (HR= 0,290, p = 0,001) e albumina sérica (HR= 0,230, p = 0,001) foram fatores de proteção para o óbito. Conclusão: nosso estudo mostrou que os parâmetros clínicos na condição basal (primeiro mês de admissão em HD), são preditores de mortalidade precoce. A avaliação inicial, monitoramento e supervisão desses parâmetros quando o indivíduo inicia a terapia renal substitutiva, é crucial para a manutenção da sua sobrevida ao longo do tempo e auxilia nas correções necessárias das complicações multifatoriais e concomitantes que os pacientes apresentam durante o tratamento. |