Resumo |
Câncer é um termo genérico que compreende um grupo de doenças, caracterizado pela rápida proliferação de células com alterações celulares drásticas, sendo o melanoma e o glioma exemplos. Nestas, a probabilidade de sobrevivência do paciente depende do estágio em que a doença se encontra quando ocorre sua descoberta. Muitas das drogas antitumorais existentes estão associadas com alta toxicidade e causam efeitos colaterais prejudiciais à maior parte dos pacientes. Portanto, a busca de novos compostos com ação antitumoral é essencial. A Salvia officinalis é uma planta da família das Lamiaceae, popularmente utilizada em preparações de chá e infusões, por suas diversas propriedades terapêuticas. Esta constitui uma fonte rica de compostos flavonoides, exibindo alta atividade antioxidante. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito in vitro de extratos de S. officinalis em células de melanoma da linhagem B16F10, células de melanócito da linhagem Melan-A e células de glioma da linhagem C6. O material vegetal de S. officinalis foi coletado no Grupo Entre Folhas (UFV). As folhas foram limpas e secas a 45°C por 72h e depois trituradas. Os extratos foram obtidos por maceração exaustiva e sequencial com solventes em ordem crescente de polaridade: hexano (E1), diclorometano (E2) e etanol (E3) seguida de posterior concentração em rotaevaporador. Células da linhagem B16F10 e C6 foram cultivadas em meio de cultura DMEM e células da linhagem Melan-A em meio de cultura RPMI. Para avaliação do efeito citotóxico foi utilizado o ensaio por MTT. Em placa de 96 poços cerca de 104 células por poço foram cultivadas em estufa a 37 °C e 5% de CO2 e 95% de umidade relativa. Após 24 hs, o meio de cultura foi substituído por meio contendo os extratos de S. officinalis em diferentes concentrações (entre 0 e 100 µg/mL), em triplicata. Após 48 h de exposição das células ao extrato, o meio foi retirado e as células foram incubadas com solução de MTT 10% por 4 h, com posterior adição de DMSO e leitura em espectrofotômetro Spectramax a 570 nm. Os resultados obtidos demonstraram que quanto maior a concentração do extrato, maior a porcentagem de morte das células, em ambas as linhagens. Os valores de IC50 foram determinados, sendo de: 24,95 µg/mL para E1, 10,64 µg/mL para E2 e 59,97µg/mL para E3, na linhagem B16F10; 3,73 µg/mL para E1, 13,87 µg/mL para E2 e 86,80 µg/mL para E3, na linhagem Melan-A; e 192,9 µg/mL para E1, 173,2 µg/mL para E2 e 50,07 µg/mL para E3, na linhagem C6. A partir desses dados, foi calculado o Índice de Seletividade (IS), para estimar a seletividade da droga em células de B16F10 e C6 em detrimento das células normais. O extrato etanólico (E3) apresentou IS mais elevado para as linhagens de melanoma e glioma utilizadas neste estudo. Uma vez que este resultado é superior ao obtido pelo quimioterápico Dacarbazina, concluímos que o extrato etanólico de S. officinalis é um candidato promissor para o desenvolvimento de novos agentes quimioterápicos. |