Resumo |
O presente estudo teve por objetivo analisar a memória afetiva de idosos/as em relação ao meio rural. A pesquisa foi realizada com uma amostra de dezesseis idosos usuários do Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI) do município de Viçosa-MG, com idade igual ou superior a 65 anos, com funções cognitivas preservadas, que embora residem na cidade, tem sua origem no campo. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa exploratória-descritiva, que utilizou como instrumento de coleta de dados questionário semiestruturado e entrevista narrativa autobiográfica tematizando a vida no meio rural e a migração para a cidade. Foi realizada em uma primeira fase do estudo uma revisão bibliográfica. Na segunda fase, foram realizadas as entrevistas narrativas autobiográficas, com os idosos/as. Tendo a pesquisa o enfoque na análise autobiográfica, utilizou-se para a análise dos dados o método da análise de conteúdo. Primeiramente foram realizadas as transcrições das narrativas dos/as idosos/as e posteriormente, os dados foram organizados em tabelas e unidades de sentido. Para melhor organização dos resultados, a discussão sobre a memória afetiva dos/as idosos/as em relação ao rural foi dividida em três partes: o processo de envelhecimento; a migração campo-cidade; e os valores sociais, considerando as recordações dos mais velhos um fator essencial para manter a cultura e as tradições do passado. Os dados revelaram que a memória dos idosos e a construção de sua identidade envolvem processos relacionais, influenciados pelas interações familiares e sociais, marcado pelos acontecimentos do passado e do presente. A reconstrução das histórias de vida dos idosos, através da rememoração, revelaram suas percepções a respeito da infância do rural da velhice, suas impressões, adaptações e significações a respeito do campo e da cidade. Conclui-se que a memória associada a aspectos sociais e culturais gera vínculos afetivos e simbólicos com o rural ressignificando-o no contexto de interação campo-cidade. |