Resumo |
O Brasil é um dos países que lidera o ranking de uso de pesticidas, tendo cerca de 500 princípios ativos liberados para a agricultura até o momento. A busca por alternativas mais sustentáveis de controle tem sido alvo de muitas pesquisas. Nesse sentido, inúmeros estudos envolvendo metabólitos secundários produzidos por endofíticos tem se mostrado uma boa estratégia para o manejo integrado de pragas. Os fungos endofíticos geralmente são encontrados no interior das plantas, e uma de suas vantagens é a proteção contra a herbivoria e doenças, através da produção de metabólitos secundários. Com isso o presente estudo teve como objetivo avaliar o potencial dos fungos endofíticos no controle dos fitopatógenos Colletotrichum gloeosporioides e Botrytis cinerea, agentes causais de doenças impactantes para o agronegócio. Os fungos endofíticos foram isolados de Aldama robusta (Asteraceae), planta endêmica do Cerrado e identificados através de análises moleculares e características macro e microscópicas. Os fitopatógenos foram isolados de frutos maduros de mamão e morango, com sintomas da doença, adquiridos no mercado local. O potencial antimicrobiano dos endofíticos foi analisado através de bioensaios de antagonismo e de inibição do crescimento micelial pela exposição de C. gloesporioides e B. cinerea aos metabólitos secundários voláteis e difusíveis in vitro. Um total de nove endofíticos foram isolados, sendo oito identificados a nível de gênero/espécie como Chlorencoelia sp. (E2), Stagonosporopsis cucurbitacearum (E5), Colletotrichum boninense (E6), Paecilomyces sp. (E9), Colletotrichum sp. (E11), Diaporthe phaseolorum (E12), Xylaria berteri (E14), Diaporte pseudoinconspicua (E16). Somente o endofítico E3 a identificação só foi possível a nível de ordem, Pleosporales. No bioensaio de antagonismo, o endofítico Colletotrichum sp. (E11) apresentou maior crescimento micelial e inibiu o desenvolvimento de C. gloesporioides. No entanto, nenhum endofítico inibiu o crescimento do B. cinerea. Em relação aos compostos orgânicos voláteis, S. cucurbitacearum, Paecilomyces sp. e D. phaseolorum inibiram significativamente B. cinerea e apenas o endofítico Colletotrichum sp. apresentou atividade inibitória sobre ambos fitopatógenos. Resultados das análises com metabólitos difusíveis dos endofíticos mostraram que apenas o Colletotrichum sp. foi efetivo na inibição dos fungos fitopatogênicos e em todas as concentrações testadas (100, 500 e 1000 ppm). Enquanto os metabólitos dos fungos S. cucurbitacearum (100 e 500 ppm) e Paecilomyces sp. (500 e 1000 ppm), inibiram significativamente somente B. cinerea. Conclui-se que o endofítico Colletotrichum sp. foi o mais eficiente no controle dos fitopatógenos analisados. Além disso, S. cucurbitacearum e Paecilomyces sp., por reduzirem o desenvolvimento de B. cinerea, podem também ser explorados no manejo deste fungo. |