Resumo |
As alterações nos marcadores bioquímicos colesterol total (CT), low density lipoprotein (LDL), high density lipoprotein (HDL) e triglicerídeo (TG) são consideradas fatores de risco para doenças cardiovasculares. A alimentação influencia diretamente esses parâmetros, assim, estudos vêm investigando a associação entre o consumo alimentar e alterações no perfil lipídico. A classificação NOVA categoriza os alimentos e produtos alimentícios em grupos distintos segundo o grau de processamento empregado na sua produção e tem sido utilizada como um instrumento para investigação em nutrição. O objetivo deste estudo foi investigar a associação entre o consumo alimentar segundo o grau de processamento e as concentrações séricas de CT, LDL, HDL e TG em população com risco cardiovascular, pois até onde foi possível constatar, nenhum estudo ainda avaliou esta relação entre estes indivíduos. Trata-se de um estudo transversal, com 320 indivíduos com risco cardiovascular (186 mulheres/134 homens, 42±16 anos), ingressantes no Programa de Atenção à Saúde Cardiovascular da UFV – PROCARDIO-UFV (ReBEC id: RBR-5n4y2g), entre 2012 e 2017. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV (Of. Ref. nº 066/2012/CEPH) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O consumo alimentar foi avaliado pelo recordatório de 24 horas e os alimentos foram classificados em minimamente processados e in natura, e em processados e ultraprocessados, de acordo com a classificação NOVA. Concentrações de CT, LDL, HDL e TG foram coletadas dos prontuários, e considerou-se alterados CT ≥240 mg/dL, LDL ≥160 mg/dL, HDL<40 mg/dL e <50 mg/ dL em homens e mulheres, respectivamente e TG ≥150 mg/dL. Para a comparação das médias utilizou-se o teste t de Student. A normalidade das variáveis foi testada pelo teste Shapiro-Wilk. O nível de significância adotado foi de 5%. Do total da amostra, 23,1%; 19,8%; 47,1% e 46,8% apresentaram concentrações alteradas de CT, LDL, HDL e TG, respectivamente. A média de consumo de alimentos minimamente processados e in natura foi significativamente maior entre indivíduos com concentrações normais de CT (65,8±17,9 versus 59,3±18,8, p=0,011) e de LDL (65,2±18,3 versus 59,1±18,4, p=0,030), e a média de consumo de alimentos processados e ultraprocessados foi significativamente maior entre indivíduos com concentrações elevadas de CT (40,7±18,8 versus 34,2±17,9, p=0,011) e de LDL (40,9±18,4 versus 34,8±18,3, p=0,030). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as médias de consumo de minimamente processados e in natura, e processados e ultraprocessados nos indivíduos com HDL (p=0,889) e TG (p=0,846) normal e alterado. Os dados mostram que o consumo de alimentos processados e ultraprocessados foi associado a concentrações mais elevadas de CT e LDL, portanto, a redução do consumo destes alimentos é crucial para a prevenção de doenças cardiovasculares. Apoio: CAPES (código 001) e CNPq. |