Resumo |
O uso das plataformas digitais e suas possibilidades de atuação se mostram expressivos no ativismo feminista das últimas duas décadas e são ainda mais significativos quando analisado o ativismo dos dias atuais. É a partir do alargamento dos campos feministas e da popularização da internet, por volta dos anos 90 e com a chamada “terceira onda”, que questionamentos da experiência geracional e a pauta da juventude emergem nas discussões do movimento feminista. As jovens feministas irrompem nos espaços tradicionais com demandas próprias e apontam o “adultocentrismo” presente nos processos de deliberação, decisão e representação política, esses se centrando nas feministas “velhas”. Dessa forma, a internet se mostra como um espaço possibilitador de constituição autônoma para as jovens, que se firmam na linha de frente no uso das redes sociais. Embora pesquisas sobre internet e política já caminhem a passos largos, pouco se sabe sobre o impacto da internet em movimentos com trajetória histórica e o desconhecimento se torna ainda mais escasso quando lançamos luz sobre as jovens feministas. Em virtude desses fatos, o presente trabalho tem como objetivo a análise do papel da internet para a construção do ativismo de feministas jovens e a compreensão reflexiva dessa relação e das trajetórias pessoais. Ainda, mobiliza uma discussão teórica sobre ativismo, internet e geração. Para além da compreensão das trajetórias das jovens, objetiva-se a contribuição nos campos de discussão sobre a temática. A metodologia utilizada se apoiou inteiramente na pesquisa qualitativa e contou com a realização de entrevistas virtuais com jovens feministas da cidade de Viçosa-MG. A realização se deu das seguintes formas: via Whatsapp com perguntas e respostas seguindo um roteiro de entrevista estruturada e via formulário online desenvolvido em conjunto e acessado por link. A pesquisa, de iniciação científica com bolsa CNPq, teve como resultado o total de seis entrevistas com mulheres na faixa etária de 17 a 22 anos e permitiu observar singularidades e semelhanças nas trajetórias e a atualização das possibilidades de usos das redes sociais no ativismo feminista online. Para além do Facebook, Instagram e Twitter como plataformas digitais mais utilizadas no ativismo, o Whatsapp, aplicativo de troca de mensagens, se mostrou significativo nas trajetórias das entrevistadas. Conclui-se a importância da internet como fenômeno emancipatório e espaço de continuação e renovação do feminismo e o atravessamento de conceitos, reivindicações e experiências nas diferentes gerações de feministas. Reitera-se a necessidade de compreensão ampla do ativismo feminista jovem contemporâneo. |