Resumo |
O processo de globalização das economias tornou os países cada vez mais interligados o que ampliou os efeitos de propagação das crises. Essas forças são sentidas com maior impacto em economias periféricas dado ao seu sistema econômico mais vulnerável, o que influencia negativamente as variáveis macroeconômicas. Principalmente na contemporaneidade, cuja difusão das tecnologias da informação e comunicação potencializam a força para as bolhas especulativas em meio a movimentação dos agentes diante do pânico a partir das crises e instabilidade do mercado, da precificação dos ativos, da corrida por liquidez e da evasão de capital. Partindo dessa prerrogativa este trabalho buscou compreender se a crise de 2008 e mais recentemente a de 2020 afetaram os ativos que se encontram disponíveis no mercado financeiro brasileiro e se há uma tendência de fuga de capital da economia brasileira em momentos de incerteza. O estudo possui uma abordagem qualitativa, bibliográfica e documental, além de dispor de dados através de relatórios técnicos e índices do Sistema gerenciador de Séries temporais (SGS) do Banco Central do Brasil. Em ambas as crises o mercado brasileiro sofreu com a corrida de liquidez, refletida em quedas bruscas das precificações dos ativos. No que tange as medidas adotadas para contenção dessa desvalorização o governo atuou, em 2008 e 2020, com políticas anticíclicas. Outro fator analisado foi o crescimento do EBITIDA e a alavancagem financeira das empresas ao longo dos anos, o que tornou as companhias mais sólidas no decorrer do tempo. Esse crescimento foi possível em meio aos cortes da taxa de juros e as recuperações dos preços das commodities que trouxeram uma melhora para o cenário econômico nacional, e possibilitou o crescimento de receita das empresas. Porém, ao se analisar as consequências dessas políticas ao decorrer do tempo, conclui-se que parte da riqueza gerada pelas empresas pós 2008 foi reabsorvido pelo estado e pelo sistema financeiro no pagamento de cargas tributárias e juros bancários. No Brasil, apesar de não ter ocorrido o uso dos títulos subprime americanos, a redução da demanda mundial afetou a economia em meio à desaceleração industrial e comercial, derrubando os preços dos ativos, o que resultou em uma evasão de capital, demonstrando a necessidade de intervenções do Estado para contenções dos efeitos da crise. Ou seja, incentivos fiscais, monetários, cambiais para que a economia seja restabelecida e revertidos os impactos negativos proveniente das crises financeiras. |