Resumo |
O sistema de suspensão de um veículo Baja têm duas principais funções: amortecer as vibrações provenientes da pista e proporcionar uma maior performance dinâmica em situações de curva. Os feedbacks recebidos na competição nacional 2019, indicavam que o CP19, carro que representou a equipe UFVbaja na última competição, apresentava uma alta rigidez na suspensão, gerando enorme desconforto para o condutor. Percebeu-se assim a necessidade de conciliar o desempenho em curvas com o conforto. Objetivou-se com o presente trabalho apresentar melhorias que possibilitassem diminuir a rigidez da suspensão sem haver perda do desempenho em curvas e validá-las. Foram estipuladas três metas para o projeto. Diminuir a transmissibilidade de movimento dianteira e traseira em 10%, alcançar uma transferência lateral de carga no eixo traseiro entre 65% e 70%, e obter aceleração lateral máxima inferior a 0,75 g. O estudo foi conduzido em três etapas. Visando alcançar a primeira meta, a constante elástica foi o fator diferencial para alterar o coeficiente de amortecimento e, consequentemente, a transmissibilidade. Foi desenvolvida uma rotina de cálculos no software Octave® para verificar o comportamento do CP19 e encontrar a melhor configuração de molas para o CP20. A mola traseira utilizada em 2019 proporcionava picos de transmissibilidade de 1,17 na dianteira e 1,39 na traseira. Para solucionar esse problema realizou-se a troca das molas por outras com menor rigidez, que levaram a transmissibilidade dianteira para 1,02 e traseira para 1,05. Com a finalidade de compensar as mudanças das molas que levaram à transferência lateral de carga no eixo traseiro anteriormente de 67% para 64% e alcançar um caráter sobresterçante, que é um dos parâmetros mais importantes para a dinâmica lateral de um Baja e que está diretamente ligada a segunda e a terceira meta estabelecida, optou-se pela adoção da barra estabilizadora em virtude do seu baixo custo e simples fabricação. Assim, foi dimensionada uma barra estabilizadora, que proporcionou a 69% de transferência lateral de carga no eixo traseiro, conciliando o caráter sobresterçante com a transposição de obstáculos. Para validar o novo comportamento em curvas, foi realizado um teste de skid pad que consistia em contornar uma rotatória de 5 m de raio aumentando a velocidade gradativamente até os pneus perderem a aderência com o solo. A finalidade do teste foi obter a aceleração lateral máxima do CP19 e do CP20 com e sem a barra estabilizadora. Para isso o carro foi instrumentado com um acelerômetro capaz de medir a aceleração lateral máxima para os três casos. Após o teste se verificou que o CP20 com a barra obteve aceleração lateral máxima de 0,71 g. Concluiu-se então que este trabalho alcançou sucesso proporcionando que o CP20 fosse um carro mais confortável e com melhor desempenho em curvas se comparado ao CP19, fato refletido durante a competição de 2020, na qual a equipe obteve resultados melhores que o ano anterior. |