Resumo |
Este trabalho se apresenta como um projeto de pesquisa de Mestrado vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Letras – Estudos do texto e do discurso (PPG/DLA-UFV), iniciado em março de 2019 e submetido em março de 2020. Isto posto, primeiramente selecionamos o livro A guerra não tem rosto de mulher (2015), de Svetlana Aleksiévitch, como corpus que constituirá nossa análise. A partir desta obra é possível acessar narrativas da Segunda Guerra Mundial segundo os relatos femininos, que trazem perspectivas bem diversas daquelas predominantemente contadas sob o viés masculino, que, por sua vez, tendem a evidenciar suas lutas e heroísmos. Assim, nos é permitido uma dada reconstrução de um dos mais trágicos e marcantes episódios da história da humanidade. Após a leitura e conhecimento prévio do referido romance, observamos a aparente recorrência do silêncio ao longo das narrativas de mulheres soviéticas enunciadas no livro em questão. Na verdade, fundamentamos a hipótese de que essa coletividade pode ter sido silenciada, interpelada por uma dada conjuntura sócio-histórica – que compreende o período durante e pós-guerra – que corroborava para que essas mulheres tivessem seus locais/direitos de fala constantemente negados ou deslegitimados. Dessarte, no intuito de verificar a validade de tais indícios, isto é, de que essas mulheres foram silenciadas, pretendemos analisar estratégias linguístico-discursivas, utilizadas no livro em questão, que demonstram evidências que apontam para a presença ou não desses silenciamentos e, em caso afirmativo, de que forma ocorreram. Para isso, sob a luz da Análise do Discurso, temos como objetivos específicos i) compreender a narrativa e o gênero discursivo construídos na obra, bem como esclarecer acerca da especificidade do discurso literário; ii) identificar e descrever as formas de silêncio manifestadas nos dados a serem obtidos, a fim de examinar como se dá tais silenciamentos e iii) perscrutar sobre questões sócio-histórico-culturais que podem nos dar pistas do processo de silenciamento da mulher na URSS do pós-guerra. Nossa metodologia será de caráter qualitativo e bibliográfico, com investigação a partir de raciocínio dedutivo, na qual adotaremos o modelo teórico-metodológico da Análise do Discurso Francesa, fundamentado na Teoria Semiolinguística de Charaudeau (2004; 2008) como ferramenta exploratória. Ademais, por se tratar de um projeto de pesquisa, ainda não propomos resultados e conclusões, mas antes partimos da hipótese de que fatores sócio-históricos poderiam ter contribuído para com o silenciamento de uma dada coletividade supracitada. |