Resumo |
A atrazina (ATZ) é um herbicida largamente utilizado em diversas plantações na agricultura. Apesar de ter seu uso banido em alguns países como Itália e Alemanha, este herbicida ainda é um dos mais utilizados no Brasil e no mundo. Apesar de seu uso ser regulamentado, devido aos processos de lixiviação e ao uso indiscriminado deste pesticida, concentrações acima das permitidas têm sido encontradas em ecossistemas aquáticos, contaminando organismos não-alvos e provocando danos em tecidos de diversos animais como peixes. Assim, o objetivo desse estudo consistiu em avaliar as alterações histológicas hepáticas causadas pela exposição crônica a baixas concentrações, ambientalmente relevantes de ATZ em peixes juvenis Neotropicais da espécie Astyanax altiparanae (lambari-do-rabo-amarelo). Os animais (N=30 por grupo) foram expostos por 35 dias a concentrações ambientalmente relevantes de Atrazina® (Atanor 50 SC) (ATZ0 – controle, ATZ0.5, ATZ1, ATZ2 e ATZ10 μg/L). Ao final da exposição, os lambaris foram eutanasiados com Metanosulfonato de tricaína (MS-222). O fígado foi retirado, fixado em Karnovisky e submetido ao processamento histológico rotineiro de inclusão em resina, seguido de microtomia. Posteriormente, os fragmentos foram corados com hematoxilina e eosina (HE). Na sequência, fotomicrografias foram realizadas e destinadas às análises histomorfométricas e histopatológicas. Peixes expostos às maiores doses, ATZ2 e ATZ10 μg/L, apresentaram diminuição na quantidade de núcleos de hepatócitos e aumento na quantidade de vasos sanguíneos, indicando baixa atividade celular e aumento de fluxo sanguíneo local, respectivamente. Além disso, os animais expostos a 10 μg/L de ATZ também apresentaram diminuição no diâmetro do núcleo dos hepatócitos, indicativo de degeneração celular. Em conclusão, nosso estudo demonstra que a exposição crônica às concentrações [2,0] µg/L e [10,0] µg/L do herbicida ATZ pode causar alterações histológicas que indicam processos inflamatórios no tecido hepático de Astyanax altiparanae. |