Resumo |
O objetivo deste trabalho é compreender as formações discursivas que possibilitam o entendimento da Governança no contexto do turismo. Considerando que a Governança é um paradigma terminológico estudado em campos de saberes variáveis, refletindo numa dimensão polissêmica, o presente estudo busca concatenar resultados oriundos de pesquisas realizadas individualmente no âmago turístico, a fim de apresentar um Modelo Epistemológico da Governança Pública Turística, haja vista a inexistência de uma sistematização que permita avaliar a caracterização da Governança por meio de categorias e indicadores presentes na literatura especializada. Caracterizando-se como um trabalho exploratório-descritivo de "pesquisa de pesquisas", utilizou-se métodos de Revisão Sistemática Integrativa (RSI), com base em Análise de Conteúdo e no meta-estudo qualitativo da produção científica. Para auxiliar na análise interpretativa dos conteúdos do corpus e estabelecer um estatuto de legitimidade das inferências e interpretações da Governança, utilizou-se o software IRaMuTeQ 0.7 Alpha 2. Apesar de não haver uma definição exclusiva da Governança Turística, a literatura preliminarmente consultada, ofereceu subsídios para a melhor compreensão da Governança a partir da sua caracterização. Verificou-se que a Governança apresenta quatro categorias emergentes: representação, coordenação, cooperação e colaboração, sendo essas três últimas explicitamente mais mobilizadas. Os 43 artigos selecionados para a RSI são provenientes dos bancos de dados: Scientific Periodicals Eletronic Library – Spell, e Scientific Eletronic Library Online – SciELO. Os resultados apresentam trabalhos que trazem a Governança como palavra-chave em que os autores não apresentam definições ou tentativas de definições da Governança e o paradigma supracitado se manifesta como coadjuvante nas discussões, mesmo que os problemas definidos estejam diretamente associados à Governança Turística. Os resultados apontam caracterizações tanto convergentes quanto divergentes da Governança entre os grupos de artigos subdivididos, fomentando a concepção difusa do termo. Em conclusão, constatou-se que a polissemia da Governança Turística é sustentada pelas diversas formações dos pesquisadores que têm concepções e entendimentos diversos sobre governabilidade e associação do termo Governança com Governo. Verificou-se ainda que Governança aparece como sinônimo de gestão, há uma tendência à minimização da Governança como processo participativo – por meio da dimensão de compartilhamento de responsabilidades, a partir do envolvimento de diversos atores sociais no processo de planejamento turístico, formulação de políticas e tomadas de decisões coletivas – e processo cooperativo entre parcerias público-privada, minimizando a condição de efetiva atuação dos atores, oriunda dos resultados coprodutivos da articulação em rede. |