Resumo |
A Peritonite Infecciosa Felina (PIF) é uma enfermidade imunomediada, sistêmica, progressiva e potencialmente fatal causada por uma mutação genética do coronavírus felino. De maior ocorrência em gatos jovens, mas também relatada naqueles com mais de 10 anos. É classificada em duas formas clínicas: efusiva - caracterizada por polisserosites fibrinosa e vasculite; e não efusiva – com lesões granulomatosas em órgãos. A forma efusiva representa cerca de 80% dos casos de PIF. Os sinais clínicos surgem entre duas a três semanas após a exposição e, aproximadamente, 14 dias após a mutação, o vírus pode ser encontrado em diversos órgãos, dentre eles o sistema nervoso central. O diagnóstico baseia-se no histórico, sinais clínicos, possibilidade de exposição ao agente, exames complementares - ultrassonografia abdominal, análise de líquidos cavitários, teste de Rivalta - exame histopatológico, sorologia, PCR, imunohistoquímica e/ou imunofluorescência. O diagnóstico definitivo é difícil, pois seria necessário obter tecidos acometidos para análise histopatológica que, assim como o teste de Rivalta apresentam a limitação de baixa sensibilidade. É uma doença comum, sobretudo em animais em contato com grandes populações, porém sub-diagnosticada. O tratamento inclui glicocorticoides e terapia sintomática. O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de suspeita de PIF atendido na clínica veterinária Clinipet São Francisco em Ubá-MG. A paciente felina sem raça definida, fêmea, 6 anos, castrada, apresentava queixa de anorexia, êmese, apatia e caquexia. Exibia histórico de enterite autolimitante, fuga e retorno após 15 dias e cinco contactantes felinos hígidos com acesso a rua. Ao exame físico, se encontrava prostrada, desidratada, com algia epigástrica, hipofonese cardíaca e hipotermia. A análise hematológica evidenciou leucocitose neutrofílica, linfopenia relativa, moderada elevação das enzimas hepáticas (AST e GGT) e soro ictérico. Ao exame ultrassonográfico visibilizou fluido subcapsular em ambos os rins, baço com ecogenicidade diminuída, hepatomegalia com parênquima hiperecogênico e áreas hipoecogênicas, alças intestinais plissadas, pâncreas heterogêneo e aumentado e líquido livre abdominal em quantidade discreta. A radiografia torácica sugeriu efusão pleural. Foi internada para tratamento com prednisolona, metronidazol, ampicilina, ondansetrona e metoclopramida; fluidoterapia, controle de dor e de temperatura. Durante a internação, a paciente apresentou-se confusa e os sinais neurológicos evoluíram para ataxia, opistótono, hiperestesia e crise convulsiva. A tutora optou pela eutanásia. Ressalta-se o prognóstico reservado da patologia e a dificuldade de um diagnóstico rápido e confiável, sendo essencial o conhecimento das alterações clínico patológicas da enfermidade, a fim de minimizar o sofrimento dos pacientes com PIF. |