Resumo |
Cirurgia de períneo é mais frequentemente realizada para tratar hérnias perineais, fístula perianal, doença do saco anal, tumores, fístulas retovaginal ou retouretral, e outras anomalias congênitas ou traumáticas. Esconder-se, lamber o ânus, constipação, tenesmo e disquezia são típicas queixas que apresentam associação com doença perineal e retal. Muitas são as complicações observadas após cirurgias perineais. Dentre elas podem ser citadas a lesão do nervo isquiático, incontinência fecal devido à lesão dos músculos esfíncter externo anal, retococcígeo, elevador do ânus ou coccígeos, dano aos nervos retais caudais ou ao nervo pudendo periférico, infecção da ferida cirúrgica por contaminação fecal devido à proximidade com o ânus, deiscência de sutura devido à tensão, colocação de suturas no lúmen retal ou sacos anais. Objetiva-se relatar o caso de um canino, SRD, 14 anos de idade, 8 kg, atendido com queixa de aumento de volume progressivo em região perianal há um mês e disquezia. Ao exame clínico detectou-se apatia, desidratação, mucosas hipocoradas, tumor de aproximadamente 15 x 10 cm, firme, ulcerado, irregular, não cístico, aderido à musculatura, localizado em região perianal. O hemograma evidenciou leucocitose por neutrofilia, anemia normocítica hipocrômica e aumento das enzimas hepáticas e renais. O exame citológico foi sugestivo de neoplasia da glândula hepatóide. Ao exame ultrassonográfico abdominal e radiográfico de tórax, não foram encontradas metástases evidentes. O paciente foi encaminhado para exérese tumoral. Foi realizada incisão de pele curvilínea ao redor do tumor, desde a base da cauda até a tuberosidade isquiática, sem margem de segurança, preservando a musculatura do diafragma pélvico. Após a retirada do tumor, foi realizada redução do espaço morto com poliglecaprone 2-0, pela técnica de walking suture devido ao grande defeito formado e sutura de pele intradérmica com poliglecaprone 3-0 e em padrão simples separado com nylon 3-0. A ferida cirúrgica foi mantida limpa, com lavagens criteriosas após a defecação e utilização de pomada com antibióticos. Analgésicos, anti-inflamatórios e laxantes devem ser empregados para minimizar a dor e o tenesmo. O exame histopatológico confirmou o diagnóstico de carcinoma hepatóide. O paciente apresentou evolução satisfatória no pós-operatório e não apresentou intercorrências comumente relatadas como deiscência da sutura por contaminação fecal, incontinência fecal ou disquezia. Dissecção cirúrgica criteriosa e cautelosa para exérese tumoral é fundamental para preservação de estruturas nervosas, musculares e esfíncter anal, evitando complicações comumente descritas. Embora o procedimento tenha causado um grande defeito na região perineal, não foi necessária a realização de técnicas reconstrutivas para fechamento do defeito. |