Resumo |
O rompimento da barragem de Fundão em Mariana – MG, no ano de 2015, desencadeou um dos maiores desastres ambientais da história brasileira, mudando completamente a paisagem afetada pela deposição de rejeito originário da extração do minério de ferro. A deposição desse rejeito sobre os solos da região deu origem a uma nova formação de solo nas margens dos seios afetados pelo derrame. Esse novo solo é classificado como Tecnosolo, cuja maior característica é o significante acúmulo de substratos antropogênicos, isto é, de origem humana. Estudos posteriores demonstraram níveis preocupantes de Cobre nos corpos de água afetados e também concentrações significantes no Tecnosolo- o que foi justificado como uma influência do revolvimento das bacias hidrográficas pelo despejo do rejeito que trouxe para a superfície íons metálicos sedimentados há décadas- podendo, devido suas características físicas, contaminar os corpos da água da região através da lixiviação. Diante disso, este estudo teve como objetivos: (1) avaliar a lixiviação de cobre, um dos metais encontrados em amostras de Tecnosolo coletadas no munícipio de Barra Longa – MG, e (2) avaliar o potencial do tratamento do rejeito com solo típico da região, Latossolo Vermelho-Amarelo, e sua influência na lixiviação de cobre. Para isso formulou-se dois tratamentos, Tecnosolo (R) e Tecnosolo + Latossolo (RS), com volume de 142 cm³. Esses tratamentos foram depositados em colunas de lixiviação, confeccionadas em tubos de PVC, com volume total de 173,0cm³ (24,5cm x 10cm), com uma das extremidades cobertas com lã de vidro, evitando a perda de material. Para o tratamentos RS as amostras do Tecnosolo foram misturadas com o Latossolo em volumes de 70,8 cm³ de Latossolo + 70,8 cm³ de Tecnosolo. A porosidade total foi calculada a partir da saturação do solo e, após seu cálculo, determinou-se quatro volumes de água nos valores de 1,5; 2,0; 2,5 e 3 vezes o volume total de poros, visando simular diferentes níveis de precipitação. As soluções lixiviadas dos tratamentos foram coletadas em provetas, acondicionadas em recipientes plásticos e mantidas em um refrigerador para as determinações químicas pertinentes. Posteriormente, as soluções foram analisadas com o uso da Espectroscopia de Emissão Atômica (ICP-OES) para a quantificação do íon cobre. Assim, o estudo foi realizado em esquema fatorial em delineamento inteiramente casualizados (DIC), com três repetições (2x4x3); totalizando 24 parcelas experimentais. Os resultados foram tratados estatisticamente utilizando a ANOVA e o teste de Tukey. Os volumes obtidos foram: R + Vol. 1 = 0,048; R + Vol. 2 = 0,031; R + Vol. 3 = 0,026; R + Vol. 4 = 0,019 e RS + Vol. 1 = 0,011; RS + Vol. 2 = 0,010; RS + Vol. 3 = 0,007; RS + Vol. 4 = 0,006. A partir dos resultados e da análise estatística, pôde-se concluir que a adição de solo ao rejeito diminuiu significativamente o volume de cobre lixiviado e que o volume precipitado influencia significativamente na quantidade de cobre lixiviado. |