Resumo |
O iodo é um microelemento essencial para a manutenção da vida humana e o seu excesso ou a sua baixa ingestão podem trazer sérios problemas ligados à tireoide. A OMS determina a dose diária recomendada de iodo de 250 µg.dia-1, para gestantes e lactantes, devido à maior demanda de iodo para esse grupo durante a gestação e/ou amamentação. Desde 1831 o sal para consumo humano é utilizado como veículo para aumentar a ingestão de iodo pela população e evitar os Distúrbios por Deficiência de Iodo (DDI’s). No Brasil, a ANVISA regulamenta o teor de iodo adicionado no sal de consumo entre 15 mg.kg-1 e 45 mg.kg-1. Sendo assim, a determinação do teor de iodo no sal e a verificação da sua conformidade têm como propósito auxiliar na erradicação dos DDI’s, corroborando assim com o Estudo Multicêntrico de Deficiência de Iodo (EMDI) que avalia a magnitude da deficiência e os fatores associados ao estado nutricional de iodo em gestantes e nutrizes brasileiras. Assim, quantificou-se o iodo no sal de consumo domiciliar de gestantes e nutrizes, e em 43 diferentes marcas comerciais de sal, a fim de verificar sua conformidade com a legislação brasileira. Para isso, o método de titulação iodométrica, descrito nos procedimentos analíticos do Instituto Adolfo Lutz, foi seguido. Como não existem pesquisas que comprovem a estabilidade do iodo no sal, foi realizado um estudo de sua estabilidade simulando diferentes armazenamentos domiciliares - embalagem: vidro e plástica; temperatura: 25 °C e 35°C e tempo até 285 dias, com o intuito de investigar a perda de iodo durante essas condições. De acordo com os resultados apresentados da quantificação de iodo nas amostras de sal consumidas pelas gestantes e nutrizes, das 266 amostras analisadas, 21,42 % apresentaram inadequação. Em relação as marcas de sal comerciais analisadas, 16,28 % apresentaram teor de iodo inferior a 15 mg.kg-1, 16,28 % superior a 45 mg.kg-1 e 67,44 %, entre 15 mg.kg-1 e 45 mg.kg-1. Quanto à estabilidade do iodo no sal iodado, para a Marca A, foram observadas variações significativas (p<0,05) para os fatores tempo e embalagem e das interações entre embalagem e temperatura e entre tempo, embalagem e temperatura durante o armazenamento até 285 dias. Por outro lado, não foram observadas variações significativas (p>0,05) com o tipo de embalagem, temperatura e tempo de armazenamento, até 225 dias, para a marca B. Porém, ambas as marcas de sal comerciais mantiveram-se em conformidade com a RDC nº 23, de 24 de abril de 2013, durante as diferentes condições simuladas de armazenamento. Conclui-se que apesar dos resultados, no geral, apresentarem conformidade com a legislação brasileira quanto à concentração de iodo no sal consumido por gestantes e nutrizes, esse grupo ainda necessitaria ser estudado quanto à ingestão dietética de iodo. Isso implicaria adoção de políticas adequadas de saúde pública, em diferentes regiões brasileiras, no combate a DDI´s ou do consumo em excesso de iodo. |