Resumo |
Introdução: A gestação é um período no qual a mulher sofre mudanças fisiológicas, comportamentais e alimentares. Relacionado a alimentação, tanto a insuficiência quanto o excesso podem interferir na saúde materna e fetal. Neste sentido, os alimentos processados (AP) e ultraprocessados (AUP), com adição de sal, que é a principal fonte de sódio (Na) na dieta humana e a ingestão excessiva pode acarretar em doenças hipertensivas da gestação e elevação da morbimortalidade materno-infantil. Objetivo: Avaliar o impacto do consumo de AP e AUP na ingestão de Na em gestantes do município de Viçosa, Minas Gerais. Métodos: Trata-se de um estudo transversal de base populacional, composto por uma amostra do Estudo Multicêntrico de Deficiência de Iodo (EMDI-Brasil). As gestantes foram convidadas nas Unidades Básicas de Saúde, e após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi aplicado um questionário semiestruturado para coleta de dados socioeconômicos e de saúde e um recordatório 24 horas (R24h) para a avaliação do consumo alimentar. Os alimentos citados no R24h foram classificados segundo o grau de processamento e, o quantitativo total de Na ingerido foi calculado no software Global Diet. Foram realizadas análise exploratória, com medidas de frequência absoluta e relativa, além de medidas de tendência central e dispersão. A análise da densidade de Na ingerido (mg/1000kcal) segundo as variáveis socioeconômicas foi avaliada pelos testes Mann-Whitney e Kruskal-Wallis. A correlação entre o consumo de sódio e a contribuição calórica dos AP e AUP foi avaliado pelo teste de Spearman. Todas as análises foram feitas no Statistical Package for Social Sciences® 23.0. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (número de parecer 2.496.986). Resultados: Foram avaliadas 272 gestantes, com idade mediana de 26 anos (18-46), a renda domiciliar foi 999,0 reais (0-15.000). A ingestão de sódio foi determinada para 97,8% (n=266) da amostra, e a ingestão mediana observada foi de 1594,5 mg (241,8 - 13630,8), sendo que não foram observadas diferenças segundo os fatores socioeconômicos. Além disso, 54,0% (n=147) das mulheres apresentaram ingestão acima do valor de ingestão adequada (AI). A mediana da contribuição calórica dos alimentos in natura e minimamente processados foi de 62,1% (18,3-96,1) e, apresentou uma correlação negativa com a ingestão de Na (r=-0,499). Para os AP e AUP esta contribuição foi de 29,1% (0-81,7) e, apresentaram correlação positiva com a ingestão de Na (r=0,619). Conclusões: Apesar do crescente consumo dos AP e AUP, os alimentos in natura e minimamente processados ainda são responsáveis pela maior parcela energética da alimentação das gestantes. Já os AP e AUP estiveram correlacionados a maior ingestão de Na, sendo prováveis fatores de risco para doenças hipertensivas. |