Resumo |
A atração e manutenção de inimigos naturais é um ponto chave dos programas sustentáveis de manejo de pragas. De tal forma, são conhecidas como controle biológico conservativo as práticas de manipulação da paisagem, visando prover os recursos necessários à manutenção de inimigos naturais. Assim, a inserção de plantas floríferas no agroecossistema (policultivo) oferece recursos básicos aos predadores, parasitóides e outros artrópodes, tais como abrigo/refúgio, micro-clima favorável e alimento alternativo. As flores provêm suplementação nutricional rica em energia (néctar) e proteína (pólen), atraindo diferentes grupos de insetos. No início, a diversificação favorece os inimigos naturais generalistas, que se alimentam de várias presas do ambiente mais diverso. Dentre tais presas estão pequenos artrópodes detritívoros, micófagos, e/ou herbívoros. Por sua vez, inimigos naturais especialistas - como os parasitóides – são favorecidos quando há a disponibilidade dos recursos florais que utilizam. Entretanto, a inserção de espécies florais no agroecossistema nem sempre favorece o controle biológico ou a cultura principal. Os alimentos alternativos podem ser benéficos para algumas pragas, acelerando seu desenvolvimento, ou aumentando sua longevidade e/ou fertilidade. Além disso, os inimigos naturais podem considerar as presas alternativas - propiciadas pelo policultivo - mais atrativas do que as pragas da cultura alvo, tendo sua atenção desviada. Ademais, a espécie floral e a cultura principal podem competir por nutrientes no solo, prejudicando ambas. Logo, percebemos que pouco se sabe sobre como e quando utilizar as flores nos agroecossistemas, ou sobre quais os grupos de inimigos naturais são atraídos. Portando, neste trabalho investigamos a hipótese de que o plantio de espécies florais (Lobularia maritima), antecedendo o plantio da cultura principal (Brassica oleracea), permitirá o recrutamento de inimigos naturais mais cedo, favorecendo o controle biológico de afídeos (brevicoryne brassicae) na cultura da couve. Nossos resultados sugerem que o plantio de flores (alisso) antecedendo o plantio da couve não é benéfico para o controle biológico de pulgões, contudo, o plantio simultâneo das espécies foi benéfico para o controle destes insetos. Provavelmente, tal resultado provém da maior abundância de presas alternativas encontradas no tratamento onde as espécies florais foram inseridas previamente. Tais presas podem ter sido mais atrativa aos inimigos naturais generalistas, desviando sua atenção dos herbívoros presentes na cultura principal. Ademais, as produtividades das couves nos diferentes tratamentos não diferiram entre si, sugerindo baixa competição neste consórcio. Similarmente, não houve diferença entre os grupos diurnos e noturnos de inimigos naturais, ou entre a presença de inimigos naturais e níveis de parasitismo entre tratamentos, provavelmente devido à alta mobilidade de inimigos naturais alados e a relativa proximidade entre os tratamentos. |