Resumo |
A divisão social do trabalho, historicamente, relegou às mulheres a ocupação com atividades de trabalho domésticas, e sua inserção no mercado de trabalho construiu-se como extensão do labor exercido no lar. Na arquitetura, de modo semelhante, a decoração de ambientes e a jardinagem se deram como local de ocupação feminina. Contudo, a narrativa da historiografia arquitetônica no Brasil é elaborada sob a ótica das grandes construções, projetadas majoritariamente por homens, somada ao fenômeno conhecido como star architects. Como um todo, a pesquisa "Por Elas na historiografia da arquitetura moderna brasileira" - exploratória e descritiva - tem por objetivo identificar as mulheres arquitetas e urbanistas que se diplomaram e atuaram de 1920 a 1940, nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, e que foram reconhecidas por seus pares e, assim, analisar o cenário da arquitetura moderna sob a perspectiva de gênero e a invisibilização das mulheres e de suas produções. Conforme o plano de trabalho, o subprojeto “As mulheres em Arquitetura e Engenharia” baseou-se em acervos documentais e nos periódicos da revista Arquitetura e Engenharia para analisar a inserção feminina na educação em Belo Horizonte, mais especificamente na Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, e no mercado de trabalho no período em questão, estendido nesse plano em função do surgimento tardio do curso de arquitetura na capital. Observou-se que a presença das mulheres no meio educacional da arquitetura aumentou gradativamente ao longo dos anos em meio a desafios, e, hoje, representa maioria na profissão. Entretanto, na Escola de Arquitetura entre 1936 e 1960 os resultados são contrastantes e demonstram que apenas 5% do total de diplomados eram mulheres. Sendo assim, a presença e a atuação feminina na arquitetura moderna brasileira e belo-horizontina não foram uniformes e reforçaram a lógica social de hierarquia de gênero, apesar do sucesso profissional de algumas das mulheres identificadas na pesquisa. |