Resumo |
A adolescência é um período marcado por intensas mudanças, alterações hormonais, emocionais e de hábitos alimentares. É um momento da vida no qual o adolescente busca por independência e autonomia e já tem o poder de escolher como se alimentar. Nesta fase, acabam optando em grande maioria por substituir refeições por fast food ou mesmo pular refeições. Em contrapartida, sofrem muita pressão social e midiática em relação à imagem corporal, buscam por um corpo magro e muitas vezes musculoso. Estudos mostram que muitos adolescentes estão insatisfeitos com seu corpo e isso tem impacto na autoestima e confiança destes, sendo associada a sintomas depressivos, estresse, baixa autoestima, maior restrição alimentar e evitação de atividade física. A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) desempenha papel fundamental na promoção da saúde destes adolescentes, e o modelo tradicional de educação por meio de palestras e repasse de informação, não tem se mostrado suficiente para promover mudanças no hábito alimentar destes. Sendo assim, este trabalho tem o objetivo de realizar atividades de EAN, com foco na nutrição comportamental, com adolescentes assistidos pela APOV no Bairro de Nova Viçosa, Viçosa MG. As atividades educativas foram conduzidas a partir da realização de 20 oficinas planejadas anteriormente através de um plano de ação com foco na nutrição comportamental, trabalhando com os temas de preferências sensoriais, disponibilidade alimentar, comer intuitivo, corpo, sinais de fome e saciedade. Foram ainda desenvolvidas atividades práticas como o desenvolvimento de habilidades culinárias, análises sensoriais e plantio de hortas, permitindo maior acessibilidade dos estudantes a hortaliças. Os funcionários da cantina e pais atuaram ativamente no processo de planejamento e desenvolvimento das atividades, para que a mudança fosse incentivada pelos adultos, os quais servem de exemplo para os adolescentes. A imagem corporal, conexão com o corpo e afeto pela comida também foram trabalhados de forma a incentivá-los a serem únicos e reconstruir a mentalidade de corpo ideal e padrão e exaltarem sua individualidade. Os resultados foram perceptivos na melhora qualitativa de hábitos alimentares, observados no almoço quando servem sozinhos todos os alimentos disponíveis e por vezes até repetindo e na melhora da autoestima quando nos é relatado sobre o processo de amor e aceitação pelo corpo, possibilitando uma relação tranquila e de paz com a comida. Relatam também com naturalidade e afeto sobre os grupos alimentares, destacando aqueles de suas preferências, enfatizando sabor e prazer. É de extrema importância que o adolescente tenha uma alimentação saudável e equilibrada e a educação nutricional tradicional e estratégias prescritivas não se apresentam efetivas nas mudanças de comportamento, nem estimulam a construção de novos comportamentos, sendo a abordagem comportamental satisfatória na promoção dessas mudanças. |