Resumo |
A jabuticaba é um fruto com altos teores de polifenóis e antocianinas, compostos que possuem atributos de saudabilidade, porém, sensíveis a luz, oxigênio, temperatura e variações de pH, o que limita a sua aplicação na indústria de alimentos e farmacológica. Uma maneira de aumentar a estabilidade das antocianinas é por meio do encapsulamento em matrizes proteicas. Uma matriz a base de caseína micelar (CMs) é interessante, pois se trata de uma proteína que possui capacidade de carreamento eficiente, baixo custo, facilidade de obtenção e classificada como GRAS. Com essa proteína é possível promover a formação de um hidrogel (HG) através da diminuição do pH do sistema. Esse HG tem o potencial de encapsular diversos compostos bioativos em sua matriz polimérica, bem como controlar sua liberação. Nesse sentido, este trabalho teve por objetivo avaliar a utilização de HG de caseínas reticuladas pela enzima transglutaminase (Tgase) na aplicação como carreadores de antocianinas do extrato de jabuticaba (JE) e avaliar o perfil de liberação em diferentes pHs. Foram utilizados CMs obtidas através de microfiltração do leite seguido de secagem por spray dryer, extrato de jabuticaba (Myrciaria cauliflora), Tgase e glucono-δ- lactona (GDL). Inicialmente as CMs foram reidratadas a 4,5% (m/m) e divididas em quatro suspensões: A (somente as CMs), B (CMs e 3 u/g de Tgase), C (CMs e 2% de JE) e D (CMs, 3 u/g de Tgase e 2% de JE). As suspensões foram acidificadas usando 2% de GDL até a formação do HG à pH 4,5. A morfologia dos HG foi analisada por microscopia confocal (MC) e foi determinado o tamanho dos poros por correlação 2D das imagens obtidas. O perfil de liberação de antocianinas em cada amostra foi determinado em pHs próximos aos encontrados no estomago (pH 2,0) e no intestino humano (pH 7,0). Os dados foram processados utilizando analise de variância (ANOVA) e teste de Tukey (p < 0,05). Pela MC observou-se que os HG adicionados de Tgase apresentaram estrutura mais densa e compacta quando comparados aos sem a enzima. Reforçando a analise visual observou-se numericamente pela correlação 2D que o tamanho médio dos poros das amostras adicionadas da enzima foi menor, 0,63 ± 0,02 μm para amostra B e 0,68 ± 0,01 μm para amostra D, que os das sem adição, 1,40 ± 0,14 μm para amostra A e 1,72 ± 0,12 μm para amostra C. Observou-se ainda que quando a enzima estava presente no HG, a adição de JE não afetou o tamanho dos poros, já nos HG sem a enzima a adição de JE resultou em aumento significativo dos poros. Ao analisar o perfil de liberação observou-se que a taxa de liberação de antocianinas foi mais lenta nas amostras reticuladas que nas amostras sem a enzima, a menor taxa de liberação foi observada em pH 2,0 e a maior em pH 7,0. Este estudo, mostrou que os HG de caseína micelar reticulada com Tgase podem ser usados como carreadores de compostos bioativos como o JE e são capazes de promover a sua liberação em resposta a diferentes condições de pH e níveis de reticulação. |