Resumo |
O cultivo da soja é um dos mais importantes atualmente e sua expansão e aumento de produtividade têm sido reduzidas por estresses ambientais. O fungo P. chlamydosporia é conhecido e estudado pela ação predatória em ovos de nematoides, e estudos indicam que a colonização da rizosfera pode promover o crescimento em plantas. Assim, a presença de P. chlamydosporia poderia trazer benefícios à soja em condições de estresse por déficit hídrico. Neste trabalho, buscou-se constatar se a presença de P. chlamydosporia na rizosfera pode conferir à soja aumento na tolerância à seca em condições de déficit hídrico. Foram utilizadas duas variedades [Embrapa 48 (E48) e BR16] em um experimento fatorial 2x2x2: dois tratamentos bióticos (com fungo, F e sem, NF) e dois tratamentos abióticos (irrigado, I e não irrigado, NI). Foram observados os seguintes parâmetros: potencial hídrico foliar (ψw) em função do tempo, monitorado por bomba Scholander; taxa de crescimento absoluto (g), equação: g=(variação da altura durante o estresse hídrico)/(intervalo de tempo do estresse); teor relativo de água na folha (RWC); trocas gasosas, monitoradas por IRGA. A análise estatística foi realizada utilizando o programa JMP. Ao se analisar a curva de desidratação, plantas E48 NI apresentaram defasagem no ψw de um dia com relação a plantas BR16 NI, para ambos os tratamentos F e NF, para atingir ψw = -1,5 Mpa, indicando a tolerância de E48 ao déficit hídrico. O ψw em plantas F NI apresentou defasagem de +0,2 Mpa em relação a NF NI para BR16 e de 1 dia para Embrapa 48 para atingir -1.5 Mpa. Portanto, o fungo promoveu um atraso na queda do potencial hídrico no vegetal. Houve diferença nos valores de taxa de assimilação de CO2 (A), transpiração foliar (E) e condutância estomática (gs) entre plantas I e NI, mas não entre plantas F e NF; houve diferença nos valores de eficiência fotossintética (A/Ci) e eficiência no uso da água (A/E) em plantas BR16 F NI e BR16 NF NI. Houve redução do RWC em plantas NI, sendo a perda de água menor em plantas F NI; a perda foi menor para plantas E48 que BR16. Os valores de g foram maiores para plantas F I que em NF I, sendo maiores para BR16; a presença do fungo não alterou g em plantas NI. Em plantas F NI, comparando com NF NI, a não alteração de gs e os níveis maiores de A/Ci e A/E em BR16 pode indicar que um evento não relacionado com a abertura estomática auxiliou no aumento da tolerância. Um mecanismo possível pode ser o aumento do poder de absorção de água do solo pela cooperação entre a raiz do vegetal e as hifas do fungo, o que favorece a manutenção do turgor foliar e do uso eficiente da água na fotossíntese e outras vias metabólicas. A presença do fungo na rizosfera pode conferir à planta a capacidade mitigar a perda de água nos tecidos sob condições de seca. Os dados de ψw, RWC e trocas gasosas indicam que plantas contendo o fungo em suas raízes podem manter o equilíbrio hídrico e o turgor nos tecidos vegetais, garantindo maior tolerância à seca. |