Resumo |
A Hiperplasia Fibroadenomatosa Mamária (HFM) é uma condição caracterizada por crescimento rápido e excessivo de uma ou mais glândulas mamárias, devido à proliferação do epitélio dos ductos e do estroma das glândulas. Acomete principalmente fêmeas jovens, sob estímulo de progestágenos endógenos ou exógenos. É considerada uma condição benigna, cujo diagnóstico se baseia nos achados clínicos associados ao histórico, sendo confirmado por citologia e histopatologia. O tratamento é realizado com antiprogestágenos sintéticos e controle da dor local, seguido de ovariohisterectomia (OH), porém, em pacientes que apresentam ulcerações extensas e necrose, é indicada a mastectomia. Foi atendida, no Hospital Veterinário da UFV, uma paciente felina, 4 anos, nulípara, não castrada, com histórico de aumento de volume em glândulas mamárias, de evolução rápida, iniciado após aplicação de progestágeno sintético com finalidade anticoncepcional. Ao exame físico, a paciente apresentava-se apática, com aumento de volume em glândulas mamárias inguinais, de aspecto firme, regular, ulcerado, com algia à palpação e hiperemia cutânea. O diagnóstico presuntivo foi baseado nos aspectos macroscópicos das mamas, associados ao histórico de administração de progestágeno sintético. Foi realizada radiografia torácica, que não evidenciou alteração sugestiva de afecção neoplásica metastática, sustentando a suspeita de HFM. Foram prescritos anti-inflamatório não esteroidal para controle de dor e antimicrobiano para prevenção de infecções, em decorrência da ulceração. O tratamento realizado foi a aplicação subcutânea de aglepristone (Alizin®), um antiprogestágeno sintético esteroide, na dose de 15 mg/kg, sendo realizadas aplicações a cada 24 horas, durante 2 dias consecutivos, seguidos por um intervalo de 5 dias, durante 30 dias, totalizando 10 administrações. As aplicações foram realizadas na face medial dos membros pélvicos, sendo estes alternados a cada aplicação. Após 14 dias do início do tratamento, a paciente já apresentava redução considerável do volume das glândulas mamárias, tendo a remissão completa ocorrido após 26 dias. A paciente foi então submetida ao procedimento de OH, que deve ser realizado mesmo nas pacientes que recebem antiprogestágenos como tratamento da HFM, uma vez que evita futuras aplicações de progestágenos exógenos com finalidade anticoncepcional, o que poderia ocasionar recidiva, e evita a ocorrência de ciclos estrais subsequentes, objeto da preocupação inicial que motivaria a aplicação deliberada deste esteroide. Além disso, a realização da OH culmina na redução da concentração sérica de progesterona endógena, o que pode acarretar na eficiência do procedimento, em alguns casos, de forma isolada, no tratamento da HFM. Embora possua caráter benigno, a HFM deve ser diagnosticada e tratada o mais precocemente possível, de forma a evitar complicações associadas a evolução do quadro. |