“Inteligência Artificial: A Nova Fronteira da Ciência Brasileira”

19 a 24 de outubro de 2020

Trabalho 13570

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Letras
Setor Departamento de Letras
Bolsa PIBIC/CNPq
Conclusão de bolsa Sim
Apoio financeiro CNPq
Primeiro autor Brenda Lana de Carvalho Salgado
Orientador ADELCIO DE SOUSA CRUZ
Título Releituras de narrativas míticas na poesia/música contemporânea brasileira
Resumo Há uma relação histórica de aproximação entre música e poesia (WISNIK, 2004) que permite que as canções sejam pesquisadas sob o enfoque dos estudos literários. Tendo isso em mente, a pesquisa toma como objeto de estudo os álbuns Ésu [2017], do rapper Baco Exu do Blues, e Mal Dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação) [2019], de Thiago Pethit, tendo como objetivo geral investigar como se dá a recepção das narrativas míticas nessas obras. A fim de alcançar esse objetivo, a metodologia da pesquisa foi dividida em duas partes: 1) realizar uma revisão bibliográfica dos estudos sobre mitos, enfocando sua relação com a literatura, concentrando-se principalmente nas obras de Meletinsky (1997) e Durand (1985, 2004); 2) fazer a análise literária das letras que constituem os álbuns, subdividindo-se nas tarefas de a) traçar um panorama geral dos gêneros musicais a que cada obra pertence; b) quantificar as referências diretas a narrativas míticas presentes em cada álbum, dividindo-as segundo sua origem africana, cristã ou greco-romana; e c) analisar como essas narrativas míticas estruturam-se em cada obra. Através desse processo, constatou-se que em Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação), de Thiago Pethit, ocorre uma integração harmônica e total das narrativas míticas na constituição identitária de seu eu-lírico, que possui uma relação simbiótica principalmente com a figura mítica de Orfeu. O aedo mítico adquire, contudo, traços singulares dentro da obra, como ser paulistano, homossexual e politizado. Além disso, observou-se que as referências míticas nessa obra se concentram no eixo greco-romano, e que o tipo de relação amistosa estabelecida entre elas e o eu-lírico pode derivar de características formais da MPB, como a passionalização, que influencia a conformação de uma lírica e um eu-lírico harmônicos. Já no álbum Esú, de Baco Exu do Blues, há uma presença maior e mais diversa de narrativas e figuras míticas, que são apropriadas de modo conflituoso e combativo pelo eu-lírico. Essa relação se dá principalmente com a figura mítica de Exu, e pode-se derivar seu caráter conflituoso de três elementos, sendo eles: a figura controversa de Exu (VERGER, 2018); a tensão na personalidade do eu-lírico, marcada por traços como o alcoolismo e a tendência suicida, e que podem ter origem na sua constituição enquanto sujeito negro e rapper, levando-o a sofrer constante violências e pressões da sociedade; e as características de figurativização e tensão formal do gênero rap, que propiciam uma lírica e um eu-lírico combativos. Concluiu-se então que enquanto em Mal dos Trópicos o eu-lírico identifica-se completamente e harmoniosamente às figuras míticas, apropriando-as de modo conciliatório, em Esú essa identificação é parcial e conflituosa, levando a uma apropriação embativa das referências míticas, diferenças essas advindas das particularidades de cada eu-lírico e dos gêneros musicais a que pertencem.
Palavras-chave Poesia, Música, Narrativas Míticas
Forma de apresentação..... Vídeo
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