Resumo |
O trabalho se refere ao projeto de extensão “Remição pela leitura” desenvolvido pelo PET/EDU/UFV, em parceria com a Defensoria Pública de uma cidade de Minas Gerais, onde são atendidas pessoas privadas de liberdade (PPL) do presídio local, visando promover o incentivo à leitura e à escrita. As PPL fazem a leitura de livros e elaboram resenhas críticas que são corrigidas pelos petianos, que as pontuam a partir de critérios pré-definidos. Se a pontuação for igual ou superior a 60%, o detento pode ter direito a 4 dias de remição da pena por resenha. O projeto, além de servir como aprendizado para os petianos, objetiva promover, por meio da leitura, alguma mudança no indivíduo encarcerado, no seu aprimoramento cultural, auxiliando no processo de reinserção social. O projeto começou em 2018 com a capacitação dos petianos para fazerem as correções, por uma mestranda em Letras que trabalhou a correção de redações a partir das normas utilizadas no ENEM. Logo após, foram definidos os seguintes critérios: atendimento ao gênero proposto; ortografia e pontuação; letra legível; clareza de ideias; coerência e coesão; posicionamento crítico. Em 2019, o grupo fez uma visita técnica ao presídio para a demonstração dos critérios e apresentação dos corretores aos reeducandos. Os petianos, assim, perceberam a precariedade do espaço físico e da quantidade de livros disponíveis para a leitura, o que mobilizou uma campanha que arrecadou cerca de 150 exemplares. Os resultados são difíceis de mensurar, pois as resenhas são enviadas corrigidas e o sistema judiciário dá continuidade aos processos legais, aos quais não temos acesso. Outros resultados mais discretos são animadores. Por exemplo, dentre os reeducandos, aqueles que estão há mais tempo participando do projeto conquistaram uma melhoria na escrita, demonstrando que se empenham em atender as orientações feitas pelos petianos. Os participantes também demonstram empolgação quando excedem o número de textos no momento da entrega, já que poderiam entregar um por mês. Apesar dos bons resultados, problemas também foram identificados, como o plágio. A partir do momento que o grupo identificou a ocorrência de plágio, a Defensoria Pública foi informada para tomar as medidas adequadas. Os textos plagiados receberam nota zero, alguns detentos que estavam em regime semiaberto foram afastados temporariamente do projeto, e todos receberam a devida orientação sobre a ilegalidade da prática, o que também é um aspecto educativo importante dessa ação extensionista, tanto para os detentos quanto para os petianos. Como perspectiva para o futuro do projeto, o grupo PET/EDU continua se dedicando às correções com a mesma vontade presente desde o início. Seguem desenvolvendo capacitações fundamentais para aprimorar o trabalho de correção, além de educarem o olhar para a empatia e o profissionalismo necessário no trabalho realizado com alunos encarcerados, com a esperança na reabilitação de cada um deles, também, por meio da leitura. |