Resumo |
Os vírus da família Flaviridae representam um dos principais problemas de saúde pública no Brasil atualmente devido a variedade de doenças causadas por estes e pelo fato de seu vetor Aedes egypti, adaptado ao meio urbano, propagar a maioria delas. Os flavivírus Dengue do sorotipo 2 (DENV-2) e Zika (ZIKV) são o foco deste estudo devido a grande probabilidade de complicações associadas a sua infecção, levando a quadros de febre hemorrágica da dengue e microcefalia congênita, respectivamente. Como a grande maioria das arboviroses, ainda não existem vacinas nem tratamentos específicos para estas doenças, apenas medidas paliativas estão disponíveis. O grupo dos compostos derivados das indan-1,3-dionas já demonstraram boa atividade antiviral. Estudos evidenciaram suas propriedades antivirais, antimicrobrianas, antitumorais, demonstrando sua eficiência no combate ao Alzheimer, HIV-1 e HPV. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi investigar as propriedades antivirais dessa classe de compostos contra DENV-2 e ZIKV. Foram realizados ensaios in vitro com células Vero em cultura. Com base em estudos prévios, os compostos 10 e 12 foram selecionados, por já apresentarem atividade antiviral contra o vírus West Nile (WNV). Por meio do ensaio do MTT, os valores de citotoxicidade (CC50) obtidos para os compostos 10 e 12 foram 89,72 µM e 267,60 µM, respectivamente. A concentração efetiva que reduziu 50% da atividade viral (EC50) foi determinada para cada composto, utilizando tanto DENV-2 quanto ZIKV. Quando testado em DENV-2, o composto 10 teve um EC50 igual a 39,19 µM, e o composto 12 obteve um EC50 igual a 20,40 µM . Já para testes com ZIKV, os compostos 10 e 12 obtiveram valores de EC50 iguais a 62,78 µM e 18,30 µM , respectivamente. Por fim, através da razão de CC50 sobre EC50, obteve-se o índice de seletividade (IS), que demonstra a eficiência antiviral de uma molécula contra um vírus sem causar grandes prejuízos à célula. Nos ensaios utilizando DENV-2, os compostos 10 e 12 obtiveram IS iguais a 2 e 13, respectivamente. Já para testes com ZIKV, 10 e 12 obtiveram IS iguais a 1 e 15, respectivamente. Portanto, constatou-se que o composto 12 apresentava valores maiores de IS que o composto 10, para ambos os vírus. Para averiguar os possíveis mecanismos de ação envolvidos na atividade antiviral dos compostos, foram realizados os testes de pré e pós-tratamento. O tratamento com 10 e 12 não causou diferenças significativas na atividade viral em relação ao controle tanto para DENV-2 quanto para ZIKV. Deste modo, é possível que os compostos possam atuar diretamento sobre a partícula viral e não sobre a célula hospedeira. Porém, testes mais específicos são necessários para determinar os mecanismos associados ao efeito antiviral. Devido ao seu valor de IS mais elevado, o composto 12 apresenta-se como um bom candidato para tais futuros testes. |