Resumo |
O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma leguminosa rica em proteínas e muito presente na alimentação humana. Durante o armazenamento, os grãos de feijão são vulneráveis ao ataque de insetos-praga, como Zabrotes subfasciatus. Este inseto-praga pode provocar perdas qualitativas e quantitativas dos grãos. A busca por alternativas seguras para reduzir as perdas na pós-colheita causadas pelo Z. subfasciatus tem sido alvo de muitas pesquisas. Uma das alternativas que vem sendo estudadas é o emprego do gás ozônio (O3) como fumigante. O objetivo deste trabalho foi: (i) determinar o tempo de saturação do gás O3 em grãos de feijão comum; (ii) o período de exposição necessário para o controle dos insetos adultos de Z. subfasciatus; e (iii) determinar o tempo de cocção e teor de água dos grãos após exposição ao gás ozônio. Para determinar o tempo de saturação, uma amostra de 3,0 kg de grãos de feijão comum com 14,9% b.u foi exposta ao gás ozônio em um protótipo cilíndrico de PVC, com 0,3 m de altura e 0,20 m de diâmetro. Acima do ponto de injeção havia uma tela metálica na altura de 0,10 m para sustentar a massa de grãos e distribuir o gás de forma homogenia. O gás ozônio foi injetado na concentração de 2400 µg L-1 e na vazão de 0,5 L min-1. Para o controle foi utilizado oxigênio injetado nas mesmas condições de aplicação do gás O3. O tempo de saturação dos grãos de feijão pelo ozônio foi determinado pela medida da concentração residual do gás ozônio, utilizando o método iodométrico. A massa de grãos atingiu o estado de saturação no instante em que a concentração do ozônio permaneceu constante. Para determinar a mortalidade dos insetos, gaiolas com quarenta insetos adultos de Z. subfasciatus foram inseridas na massa de grãos. As gaiolas eram de armação em PVC e revestidas com tecido do tipo organza para permitir a passagem de gás ozônio. A porcentagem de mortalidade dos insetos foi contabilizada 24 e 48 h após a exposição ao gás ozônio. A porcentagem de mortalidade dos insetos depois de 25 h de exposição ao ozônio foi de 93%, após 24 h e 100%, após 48 h. Para o teste de cocção foi utilizado o cozedor de Mattson a 95 °C. Para a determinar o teor de água foi utilizado o método da estufa na temperatura de 103±2 °C durante 24 h. A massa de grãos atingiu o estado de saturação após 111 min de injeção do gás. O tempo de cocção foi de 26,14 e 25,23 min para os grãos expostos ao ozônio e ao controle respectivamente. O teor de água foi de 14,9% b.u para os grãos expostos ao ozônio e 15,0% b.u para os grãos expostos ao oxigênio (controle). Os valores de teor de água e tempo de cocção do tratamento e controle não diferiram estatisticamente a um nível de 5% de significância. A exposição dos grãos de feijão ao ozônio na concentração de 2400 μg L-1 durante 25 h foi letal para os insetos de Z. subfasciatus. A exposição ao gás ozônio não provocou alterações no teor de água e no tempo de cocção dos grãos de feijão que viesse a comprometer o produto comercialmente. |