Resumo |
Os solos ácidos são uns dos maiores impactantes para a produção agrícola. A maior parte dos solos agricultáveis do Brasil prevalecem nessa condição. A acidez do solo está relacionada a presença de metais tóxicos para as plantas, como é o caso do alumínio (Al). Esse elemento, que compõem majoritariamente a crosta terrestre, quando em pH abaixo de 5,5 pode apresentar na forma fitotóxica de cátion trivalente (Al3+), que é absorvido pela planta, causando danos oxidativos, alteração e inibição do crescimento radicular, e consequentemente menor absorção de água e nutrientes. A soja, com uma estimativa recorde de 120,9 milhões de toneladas de grãos produzidos em 2020, é uma cultura com grande potencial de dano induzido pelo Al, visto que o seu plantio está concentrado em solos ácidos do Brasil. Na soja, a toxidez por Al é um dos principais limitantes da produtividade, atrás apenas do déficit hídrico. Este trabalho visa elucidar os efeitos do Al sobre o crescimento e o metabolismo de açucares e ácidos orgânicos em raízes de soja com tolerância diferencial a este metal. O experimento foi realizado em casa de crescimento de plantas com condições controladas de temperatura 25 °C ± 2, com as cultivares, Suprema (Al-sensível) e A7002 (Al-tolerante). As plantas foram crescidas em sistema de hidroponia em vasos de 1,8 L com solução nutritiva de Clark pH 4,0, acrescida ou não com 100 μM de Al por 72h. O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado com 6 repetições, e a unidade experimental foi constituída por 4 plantas por vaso. No experimento, foram avaliados os parâmetros fenotípicos da raiz e da parte aérea, como crescimento e massa fresca, e os teores de açucares e ácidos orgânicos. Após 72h de tratamento com Al, a cultivar Al-sensível reduziu o crescimento radicular, enquanto a Al-tolerante não alterou esse parâmetro. O hipocótilo nas duas cultivares foi maior no tratamento controle. O peso fresco da raiz e da parte aérea foi menor na presença de Al na cultivar Al-sensível, já a Al-tolerante não apresentou variação significativa. Na cultivar Suprema o teor de açúcar não diferenciou após os tratamentos. Já na A7002 houve aumento na concentração de glicose e frutose quando expostas ao Al. O teor do ácido orgânico malato aumentou após exposição ao Al, enquanto o teor de fumarato não foi alterado. Malato é um importante metabólito para a complexação do Al, resultando na redução da toxicidade desse metal para as plantas. Assim, o aumento nos teores de açucares e de malato são respostas de tolerância da cultivar A7002 frente ao Al, atenuando o estresse causado pela toxidez desse metal nas raízes, mantendo seu crescimento radicular, e consequentemente a absorção de água e de nutrientes. |