Resumo |
O Brasil é o segundo país do mundo em maior área coberta por florestas nativas e plantadas. Esta área totaliza 500 milhões de hectares, dos quais 5,7 milhões são ocupados por florestas plantadas com espécies do gênero Eucalyptus, sendo as mais produtivas do mundo. O eucalipto é responsável por 2% do PIB brasileiro, gerando uma receita de aproximadamente 6 bilhões por ano para produção de diversos produtos, sendo os mais importantes, celulose, madeira serrada e carvão vegetal. Os viveiros atendem a uma grande demanda em termos de produção de mudas, que é realizada essencialmente por propagação vegetativa, para atender esses plantios de eucalipto. Esses viveiros florestais são considerados a base do processo produtivo de mudas. Recentemente, foi observado a ocorrência de mudas de Eucalytpus sp atacadas por Cuscuta sp. O gênero Cuscuta compreende plantas parasitas que pertencem à família Convolvulaceae. Com o objetivo de avaliar a anatomia do parasita e do processo de colonização dos tecidos de mudas de eucalipto em um viveiro, verificou-se por meio de cortes histológicos que o endófito de Cuscuta spp. se irradia da porção periférica do caule atingindo e colonizando a região do córtex, floema, câmbio e do xilema. Eventualmente, a medula das estacas de eucalipto apresentou sinais do início da colonização pelo endófito de Cuscuta sp. Depois da penetração, a região do câmbio é tomada de forma vigorosa pelos tecidos da parasita, que se irradia para o xilema dos caules das mudas. A colonização dos tecidos do hospedeiro ocorre em sentido ascendente e descendente a partir do ponto de penetração (haustório). Um dos clones, aparentemente mais suscetível, apresenta células do xilema com menor deposição de lignina. As células do xilema das mudas deste clone assemelham-se às do xilema de um lenho de reação, tanto no controle quanto nas mudas parasitadas por Cuscuta sp. Nessas regiões, as camadas da porção mais interna das paredes das fibras têm menor deposição de lignina. Aparentemente, a lignificação menor, ou mais lenta, do xilema dos clones atacados contribui para menor resistência dos tecidos do caule das mudas de eucalipto e, portanto, condições mais favoráveis para o desenvolvimento do endófito da parasita. O desenvolvimento do endófito no caule das mudas de eucalipto resulta em perturbação dos tecidos vasculares próximos ao câmbio, e de tecidos fundamentais no córtex. Uma maior colonização do caule do hospedeiro pelo endófito de Cuscuta sp pode ser verificada da região compreendida entre o câmbio e o córtex. Com a colonização da região de câmbio do hospedeiro, o desenvolvimento do endófito resulta na redução do número de células condutoras do xilema e a ausência de produção de novos elementos de vaso. A perda da capacidade de condução hidráulica do xilema é, portanto, evidente nas amostras atacadas por Cuscuta sp. |