Resumo |
INTRODUÇÃO: O sarampo é uma doença viral aguda de alta transmissibilidade, causada pelo vírus Morbilivirus da família Paramyxoviridae. A transmissão ocorre de pessoa a pessoa através de secreções nasofaríngeas expelidas na fala, tosse, espirro ou respiração. Com avanço do sarampo no Brasil, o Ministério da Saúde, juntamente com Estados e municípios realizou a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo em 2019. Dentre os grupos prioritários, encontra-se a população prisional, uma vez que os detentos vivem em locais fechados e aglomerados. OBJETIVO: Relatar a experiência da realização de uma campanha de vacinação contra sarampo em um presídio no município de Viçosa. DESCRIÇÃO DAS AÇÕES: A prática ocorreu no dia 22 de novembro de 2019 no Presídio de Viçosa, com parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde e a UFV e durou 8 horas. A campanha dividiu-se em quatro momentos: inicialmente, foi entregue à equipe 200 frascos de ampola monodose, 200 diluentes da vacina tríplice viral, 2 caixas térmicas com gelos artificiais mantendo a temperatura entre 2 e 8°C, 250 agulhas calibre 40x12, 250 seringas acopladas à agulhas 13x4,5 e 2 caixas descarpack. Adiante, houve a montagem das caixas, a reconstituição das vacinas e o armazenamento destas dentro das caixas térmicas, em seguida, houve a confecção de cartões de vacina, preenchendo nestes a vacina tríplice viral. Posteriormente, houve a vacinação dos presos por celas e, os que consentiam, colocavam o braço para fora das grades e recebiam a imunização no tecido subcutâneo do deltóide, em um ângulo de 90°, e a agulha descartada na caixa descarpack. Orientando-os sobre possíveis reações adversas. RESULTADOS: A atuação contou com a participação de 120 pessoas: 133 presos (96 aceitaram e 37 recusaram), 17 profissionais do presídio e 7 profissionais da creche Amarben. Não foi notificada, na semana posterior à campanha, nenhuma reação à vacina. A imunização com a ajuda de 1 pessoa privada de liberdade nas anotações e 2 agentes penitenciários na logística do transporte de materiais. A prática qualificou-se como eficaz, visto que 76,5% das pessoas participaram. Além disso, fortaleceu nossa integração ensino-serviço dado que a efetivação da campanha só foi possível mediante parceria entre funcionários do presídio, população privada de liberdade e comunidade acadêmica da UFV. CONCLUSÃO: A ação permitiu a imersão das estudantes em uma realidade complexa, marcada por vulnerabilidades e negligências, porém, transformadora, visto que as dificuldades encontradas como espaço inadequado e falta de profissionais da saúde para realizar a vacinação, fizeram com que a organização das intervenções fosse primordial para o sucesso da conduta, a qual incluía a locomoção até as celas e, em alguns casos, adentrá-las. Desse modo, a inserção dos estudantes de enfermagem nesses espaços é essencial para assegurar o respeito e a dignidade dos indivíduos que, mesmo privados de liberdade, jamais devem ser privados de seus direitos. |