Resumo |
O reconhecimento da importância das Plantas Alimentícias não Convencionais (PANC), aqui denominadas como “Plantas da Ancestralidade” ou “Matos de Comer”, pode contribuir com a segurança alimentar, conservação da agrobiodiversidade e com a preservação da cultura. Há séculos essas plantas são utilizadas na alimentação humana, entretanto, devido ao modelo industrial de agricultura e aos impérios agroalimentares, a sociedade tem perdido conhecimentos importantes sobre essas plantas. Por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Extensão Universitária está sendo desenvolvido na Zona da Mata mineira um trabalho de extensão com o objetivo de estimular o cultivo e a troca de conhecimentos sobre a diversidade dessas plantas e identificar os usos alimentares destas plantas. Até o momento, seis Intercâmbios Agroecológicos foram realizados em propriedades dos Agricultores(as) familiares; sementes, mudas e receitas foram trocadas em eventos culturais; e informações sobre estas plantas foram divulgadas em quatro feiras convencionais e agroecológicas. Todas essas atividades foram viabilizadas com o apoio de parceiros, como: o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata Mineira, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais e os(as) agricultores(as) familiares da Zona da Mata e as suas organizações. Em cada encontro pratos e receitas culinárias com estas plantas foram preparados e degustados, a exemplo de compota de umbigo de bananeira e torta de chaya. Os pratos foram servidos em momentos denominados de “mesas da partilha”, onde cada participante leva um prato típico feito com os alimentos locais. Nas atividades foram repassadas diversas informações sobre as partes das plantas que podem ser consumidas e os cuidados que devem ser tomados. Quando possível, informações sobre partes de plantas que são conhecidas e consumidas pela população em geral e que são consideradas não convencionais, tais como consumo das folhas de cenoura na forma de pesto e o uso de talos e cascas, como as de banana foram repassadas. Cerca de 49 espécies de plantas foram reconhecidas e distribuídas, a exemplo de, Bertalha (Basella alba L.), Cará-do-ar (Dioscorea bulbifera L.) e Almeirão-roxo (Lactuca canadensis L.). Participaram das atividades em média 350 pessoas. O projeto tem contribuído para o reconhecimento e o aumento do uso de uma diversidade de plantas alimentares existente na região e tem disseminado conhecimentos, sementes e mudas para a promover a conservação da agrobiodiversidade. Com isto, o projeto contribui para gerar autonomia alimentar, soberania e segurança alimentar, pois socializa conhecimentos e oportuniza o acesso a diferentes fontes alimentares vegetais que existem na região e diminui a dependência das famílias de alimentos industrializados; e para gerar renda indireta, já que o alimento é acessível, pode ser facilmente cultivado, não sendo necessário ser comprado e direta, pois tais plantas podem ser comercializadas. |